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sábado, 7 de abril de 2018

Pode cessar o mecanismo do pensamento?

Pode cessar o mecanismo do pensamento?

PERGUNTA: Que dizeis a respeito de Tapas e de Sandhana, mencionados nos livros hinduístas, como necessários para se obter a cessação do pensamento?

KRISHNAMURTI: Considero um grande erro interpretar o que os livros dizem. Prestai atenção a isso, pois não estou dizendo nada de irrazoável. Os livros nos mandam fazer isto ou aquilo, e os livros podem estar errados; e, também, é possível que o pensamento não possa cessar jamais. Mas o que podeis fazer é descobrir diretamente, por vós mesmo, sem dependerdes de pessoa nenhuma nem de livro nenhum, se o pensamento pode ou não cessar. Isso é muito mais importante, mais significativo do que praticar qualquer método que prometa a cessação do pensamento. Ora, porque desejais que o pensamento cesse? É por ser ele muito perturbador, contraditório, transitório? E como sabeis que o pensamento pode cessar? É porque os livros o disseram? Ou vossa mente está investigando o mecanismo do pensar? Compreendeis, senhores? Nosso problema é compreender o mecanismo do pensar, e não procurar saber como pôr fim ao pensamento. Pode-se pôr fim ao pensamento tomando uma droga ou aprendendo uns poucos artifícios, na chamada meditação; mas a mente continuará embotada, superficial. Mas se começardes a investigar o que é pensar, então descobrireis se o pensamento pode ou não cessar. Sejamos bem claros a esse respeito. Um método, por mais nobre, por mais promissor que seja, só pode sufocar o pensar, ou mantê-lo num estado estático; mas isso não é cessação do pensamento. O que fizestes foi só sufocar o pensamento, arrolhá-lo. Mas, investigando o mecanismo do pensar, descobrireis o que é esse "mecanismo".

O pensar, sem dúvida, é reação da memória a algum desafio — sendo a memória continuidade do passado. Atrás do pensar há certas pressões, compulsões, que tornam o pensar tortuoso. Quando há qualquer espécie de pressão atrás do pensar — sendo pressão: "motivo", compulsão, impulso — o pensamento, invariavelmente, há de ser tortuoso. Mas se a mente puder libertar-se de todas as pressões, de todos os "motivos", vereis então que ela se tornará sobremodo tranquila e que, nessa tranquilidade, deixou de existir o que chamais pensar. Se apenas desejais a cessação do pensar, por esperardes que ela resolverá os vossos problemas, ou porque os livros prometem uma recompensa, podeis ter êxito no tornardes a vossa mente muito tranquila; porém ela continua a ser uma mente inferior. O que nos importa, pois, não é pôr fim ao pensamento, mas, sim, pôr fim à inferioridade, a superficialidade; e para que a mente deixe de ser inferior, será necessário que se liberte de toda e qualquer autoridade ou guia, tornando-se capaz de pensar de maneira nova.

Senhores, para enunciar o problema de maneira diferente, toda crença coletiva é muito destrutiva. Muitos de vós vos denominais hinduístas, o que significa que ainda estais agrilhoados pelos dogmas, tradições e influências coletivas, que vos tornaram o que sois. Onde há crença coletiva, há deterioração, está em movimento um "mecanismo” destrutivo, e isso é exatamente o que está acontecendo pelo mundo, na hora atual. Todos somos comunistas ou socialistas, hinduístas ou cristãos, isto ou aquilo, e sendo isso uma manifestação coletiva de crença, não há individualidade; e é por isso que muito importa perceber o mal da crença coletiva. Pelo próprio percebimento desse mal, surge o indivíduo. Só a mente que não é nem comunista, nem capitalista nem cristã, nem hinduísta, a mente que não sofre coação, pressão ou que tem um motivo oculto, só essa mente pode existir sem pensamento. Com o cessar do pensamento apresenta-se uma tranquilidade como a das águas vivas, e há nessa tranquilidade um vasto movimento que não pode ser apreendido pela mente que é tangida pela pressão, pelo "motivo". Qualquer prática a que se entregar a mente inferior, só poderá torná-la mais inferior, porque ela não compreende a si mesma, não está apercebida de sua inferioridade; poderá aprender novos artifícios, novos métodos, mas continuará inferior. A única coisa que uma mente inferior pode fazer, é perceber sua inferioridade, e nada fazer para remediá-la. Quando a mente percebe que é inferior, fez tudo o que lhe era possível fazer.

Krishnamurti, Quinta Conferência em Bombaim
18 de março de 1956, Da Solidão à Plenitude Humana

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill