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quarta-feira, 4 de abril de 2018

A falácia do que temos por educação


A falácia do que temos por educação

PERGUNTA: Para ajudar os meus três filhos, basta-me observar a mim mesmo? E como hei de dar-lhes instrução?

KRISHNAMURTI: A vida, o viver de cada dia, não é um processo de educar os nossos filhos e a nós mesmos, também? Senhores, esta pergunta, com sua resposta, não interessa apenas a mestres e discípulos; interessa-vos a todos, porque sois pais.

Ora, será educação mera transmissão de conhecimentos? Consiste, simplesmente, em ensinar as crianças a ler, a somar, a ter possibilidades de arranjar emprego? Pois é nisso que estamos interessados, não é verdade? E qual é o resultado? O jovem ou vai acabar no exército, para ser destruído, ou destrói a si mesmo num emprego. Que significa, pois, educar-nos a nós mesmos e a nossos filhos? Significa levarmos anos e anos aprendendo uma técnica, para depois nos convertermos em carne para canhão ou numa máquina da estrutura social? (Tende a bondade de prestar atenção a isso; estou-vos pedindo que descubrais por vós mesmo). — Significa rodear-nos de uma porção de aparelhos, de coisas, de crenças, a fim de nos protegermos e não termos medo? Significa cobrir a mente com uma simples capa de ilustração? Pois é isso que chamamos educação, não é verdade? Fazemos enormes despesas com a educação de um rapaz e, depois, ele vai acabar numa guerra na Coréia, na Alemanha, ou na Rússia. Estamos eternamente deflagrando guerras e destruindo-nos uns aos outros, dos tempos mais remotos aos dias de hoje. A educação, portanto, tal como a conhecemos, falhou, sem dúvida nenhuma; já não tem significação alguma. Mas se, para um homem que pensa inteligentemente, a educação não é nada disso, nesse caso, que se entende por educação? Significa ela uma perspectiva “integrada” da vida, que produzirá entes humanos integrados? É óbvio, porém, que ninguém pode ser um ente humano integrado, se é americano, ou russo, ou hinduísta; isso são meras etiquetas sem muita significação. Um ente humano integrado é aquele que já não está na sujeição do temor, não moldado pela sociedade, de acordo com determinado padrão de pensamento, seja católico, seja comunista ou outro qualquer. Cada seita, cada grupo nacional ou religioso quer educar os seus jovens de acordo com certa fórmula; e isso é educação? Resultarão daí entes humanos “integrados”? Para educar os nossos filhos, não devemos começar por libertar-nos do temor, de todas as limitações do pensamento, tais sejam as do cristão, do comunista, ou do idealista?

Certamente, para podermos educar-nos e a outros, precisamos prestar atenção a nós mesmos, aos nossos pensamentos, nossos móveis, nosso orgulho, nossos temores; devemos prestar atenção às palavras que empregamos, e à reação psicológica da mente a palavras como “americano”, “russo”, “alemão”. Para podermos educar a outros, precisamos começar por educar a nós mesmos; e não é essa a função correta da educação? Há verdadeira educação quando o educador está sendo educado ao mesmo tempo que os jovens; e isso implica que deve haver liberdade tanto para a criança como para nós mesmos. A liberdade não se encontra na conclusão de um longo curso de disciplina e coerção. Não há liberdade no fim da compulsão. Se dominais a criança, se a obrigais a ajustar-se a um padrão, por mais idealista que seja esse padrão, será livre a criança depois disso? Se desejamos realizar uma verdadeira revolução na educação, é obviamente necessário haver liberdade exatamente no começo, o que significa que tanto o pai como o mestre devem estar interessados na liberdade, e não em como ajudar a criança a tornar-se isso ou aquilo.

A educação correta subentende também que se esteja livre do espírito de competição, não é verdade? Damos notas, comparamos os jovens, e estimulamos a competição, porque, quando prevalece o espírito de competição, é muito mais fácil disciplinar a criança e, pelo temor, obrigá-la a submeter-se, a estudar mais. Se desejamos, porém, inaugurar a educação correta, estamos interessados em libertar a mente, para que possa considerar a vida com uma visão “integrada”, enfrentar todas as suas complicações, ao surgirem, momento por momento. Isso, por certo, é muito mais importante do que o árduo trabalho de aprender. O saber dos livros pode entrar ou não no programa, mas o que principalmente nos interessa é produzir um novo ente humano, não mais coagido, não mais competidor, não mais desejoso de bom êxito; um ente que compreende o que é e, por conseguinte, se está libertando do que é. Entretanto, isso requer extraordinária paciência, uma compreensão “integrada”, que só pode vir com o autoconhecimento; e esta é a razão por que é tão importante que tanto o educador como o educando, o que ensina e o que é ensinado, estejam plenamente apercebidos do mecanismo da mente e do seu próprio ser.

Creio, devia custar uns vinte e cinco centavos para se matar um soldado romano, ou para um soldado romano matar outro soldado qualquer; hoje, para matar-se um soldado, o custo é de cerca de cem mil dólares. Continuamos a desenvolver a pura técnica, as atividades da memória, do sagaz intelecto, e não há revolta contra tudo isso. E quando nos revoltamos, tornamo-nos pacifistas, idealistas, ou adotamos outro rótulo qualquer. Revolução fundamental só é possível, quando há uma perspectiva “integrada” da vida, quando cada indivíduo é um ser total; e essa totalidade, essa integração do indivíduo, não pode existir enquanto há temor, competição, ambição, o constante impulso de nos preenchermos em alguma atividade — pois tudo isso implica: “eu” contra o todo. O mundo nos pertence, as riquezas da terra são vossas e minhas. Ninguém pode ser próspero enquanto outros morrem de fome. Mas, para se perceber tudo isso requer-se uma perspectiva “integrada”, e não podemos ter tal perspectiva enquanto permanecerdes americano ou hindu. Somos entes humanos, e não podemos compartilhar os bens da terra, se vós competis comigo e eu convosco. Enquanto vós e eu tivermos a ambição de realizar, de vir-a-ser, viveremos necessariamente num conflito constante um com o outro. Se perceberdes tudo isso, não apenas verbalmente, mas interiormente, profundamente, garanto-vos que vos revoltareis; e, então, talvez, possamos criar uma nova civilização, um mundo novo.

Krishnamurti em, Percepção Criadora,
5 de julho de 1953

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill