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quarta-feira, 4 de abril de 2018

Por que a mente é de esquerda ou de direita?


Por que a mente é de esquerda ou de direita?

PERGUNTA: A luta básica, através da história e como a presenciamos no mundo moderno, parece ser o choque entre as forças da tradição e o conservantismo, de um lado, e as forças progressistas, de outro lado. Que lado devemos apoiar, na grande batalha pela promoção do bem-estar humano?

KRISHNAMURTI: Não é possível considerarmos este problema sem tomarmos partidos? Porque no momento em que tomamos partido, já não temos uma perspectiva “integrada”, já não somos livres. Se sois progressista e eu conservador, chocamo-nos um com o outro, somos antagonistas. Em vez de considerarmos o problema do vosso ponto de vista ou do meu ponto de vista, não seria preferível descobrirmos o que é que faz a mente ser conservadora ou progressista? Compreendeis o problema? Se eu sou conservador e vós sois progressista, estaremos inevitavelmente em conflito. Eu desejo conservar, reter, manter as coisas o mais possível como estão; e vós desejais reformar, revolucionar. Ficamos numa batalha constante um contra o outro e, consequentemente, jamais resolvemos o problema. Mas se vós e eu estamos muito interessados em resolver o problema humano, então não seremos nem progressistas nem conservadores; estaremos interessados no problema em si, e não em como vós o considerais e como eu o considero. Espero que a questão esteja agora clara; mas a questão nunca estará clara, se já tomamos partidos. Examinemos, pois, a mentalidade conservadora e a mentalidade progressista.

Tanto o conservador como o progressista desejam mudança. Isso é óbvio. Só o homem mais estúpido e mais totalmente cego pode não desejar mudança nenhuma. Os que possuem todas as coisas mundanas — um grande depósito no banco, conforto, luxo — que estão satisfeitos e querem tudo bem protegido, esses não desejam mudanças. Já os que observam, os que estão cônscios do problema mundial (não apenas do problema americano ou do problema hindu) os que veem toda essa luta humana — todos esses desejam mudanças. Há miséria na Ásia, de que não fazeis ideia. Milhões e milhões de pessoas a alimentarem-se uma vez por dia, e às vezes nem isso sequer. Há fome, doença, superstição, a degradação da pobreza, excesso de nascimentos, aumento de população, solo pobre. Essas coisas bradam por mudança. E também, obviamente, há necessidade de transformação, com respeito à guerra. Urge fazer-se algo para acabar-se com todas as guerras, a fim de que os homens sejam livres para educar a si mesmos, viver pacificamente, em boa harmonia, criadoramente. Assim sendo, todos nós — conservadores e progressistas — se refletimos um pouco, temos de desejar mudança.

O problema, portanto, não é de se devemos apoiar o conservador ou o progressista, mas de como promover a mudança. Não é isso? Tende paciência; pode-se responder superficialmente; mas eu desejo considerar este problema fundamentalmente, profundamente. Qual é o fator da transformação? As revoluções geram transformações? Houve revoluções no passado, a Revolução Francesa, e outras mais recentes; e elas produziram alguma transformação? Poderão ter produzido superficiais modificações políticas, não uma transformação básica da mente e do coração, uma transformação fundamental, “integrada”, na qual o indivíduo deixasse de ser nacionalista, deixasse de ser francês, russo, alemão, hindu, e se tornasse um ente humano integrado. Nessas condições, quando investigamos a questão da transformação, da revolução, não devemos perguntar se a mente — sem se levar em conta se ela é conservadora ou progressista — é capaz de efetuá-la? A mudança, a revolução resulta de um “mecanismo” da mente, ou acontece de uma maneira de todo diferente? Já observastes como vos modificais, como indivíduo humano? Quando vos modificais? Não é certamente quando estais tentando modificar-vos pela ação do pensamento; modificais-vos, quer queirais quer não, quando a mente não está planejando fazê-lo.

É importantíssimo compreender-se isso, e peço-vos tenhais paciência para investigá-lo. Se sou ganancioso, invejoso, como posso modificar-me? Posso modificar-me por volição? Quando procuro libertar-me da avidez, esse próprio esforço não resulta da avidez, sob outra forma? Quando digo “não devo ser ávido”, porque o digo? Porque o ser ávido já não compensa, causa-me sofrimento e, portanto tenho agora um móvel diferente, um impulso diferente, há uma sensação nova que desejo alcançar; por conseguinte, rejeitando a avidez, sou ainda ávido. Enquanto a mudança resultar do pensamento, não é mudança — não importando se esse pensamento é conservador ou progressista. A transformação, a revolução só é realizável quando o pensamento calculista deixou de existir. Refleti bem sobre isso e vede a verdade que encerra. A modificação produzida pelo pensamento, pelo cálculo, é uma continuidade modificada. Todas as revoluções políticas são meramente continuidade modificada, reação ao passado, e, por conseguinte, não constituem mudança nenhuma.

Nessas condições, se lhes interessa a mudança, devem, tanto o progressista como o conservador, indagar se o pensamento é capaz de promovê-la. Realiza-se a transformação quando há percepção do que é verdadeiro; e a percepção do que é verdadeiro não procede da mente. A mente pode traduzir a história de acordo com seus próprios preconceitos, de acordo com seus instintos burgueses ou proletários; mas a revolta dos que nada têm, bem como o conservantismo dos que têm tudo, é sempre uma reação; e reação não é transformação. Vem a transformação quando a mente percebe o que é verdadeiro; e ela não poderá percebê-lo enquanto continuar a pensar com a mentalidade do progressista ou do conservador. Vós e eu devemos estar interessados diretamente no problema da transformação. A transformação não se pode operar por nenhum ato de vontade, por nenhuma aplicação do saber; só se realiza quando a Realidade é percebida por vós e por mim. E a Realidade pode ser percebida apenas, quando a mente já não é um instrumento de reação, quando já não sonha com Utopias nem deseja conservar tudo como está. Só há transformação quando vós e eu somos verdadeiramente religiosos. Esta é a única revolução, a única transformação permanente.

Krishnamurti em, Percepção Criadora,
5 de julho de 1953
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill