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terça-feira, 3 de abril de 2018

Podemos viver sem o desejo de competir?


Podemos viver sem o desejo de competir?

PERGUNTA: Eu desejaria ser isento do espírito de competição; mas, como se pode viver sem competir, numa sociedade altamente competidora?

KRISHNAMURTI: Vede, admitimos como coisa inevitável que teremos de viver nesta sociedade de competição; estabelecemos, pois, uma premissa para ponto de partida. Enquanto disserdes: “Tenho de viver nesta sociedade competidora” — sereis competidor. A sociedade é ávida, cultua o bom êxito, e se também desejais ser bem-sucedido, sois obrigado, naturalmente, a competir.

Mas o problema é muito mais profundo e momentoso do que a mera competição. Que está na base do desejo de competir? Em todas as escolas ensinam-nos a competir, não é verdade? A competição se exemplifica no dar notas, no comparar o menino pouco inteligente com o menino muito inteligente, no salientar que o menino pobre pode chegar a presidente da nação ou da General Motors... Conheceis bem essas coisas. Porque atribuímos tanta importância à competição? Que há de significativo nisso? Uma das coisas que a competição implica é a disciplina, não é exato? Tendes de controlar, ajustar, marcar um limite, ser como os demais, porém melhor. E, assim, vos disciplinais para lograr o desejado êxito. Prestai atenção a isto: onde existe o estímulo à competição, tem de haver também o processo de disciplinar a mente, segundo um certo padrão de ação; e não é esta uma das maneiras de controlar uma criança? Se desejais tornar-vos algum a coisa, tendes de controlar, de disciplinar, de competir. Fomos criados segundo esse princípio, e o transmitimos aos nossos filhos. E, entretanto, falamos de dar à criança liberdade para descobrir!

A competição oculta o estado do nosso próprio ser. Se desejais compreender a vós mesmo, ireis competir com outro, ireis comparar-vos com alguém? Podeis compreender-vos por meio de comparação? Podeis compreender algum a coisa por comparação, julgamento? Compreendeis um quadro comparando-o com outro quadro, ou só o compreendeis quando a vossa mente está toda absorta no quadro, sem fazer comparações?

Estimulais o espírito de competição em vosso filho, por desejardes tenha ele bom êxito naquilo em que o não tivestes; desejais preencher-vos por meio de vosso filho ou de vossa pátria. Pensais que o progresso, a evolução, consistem em julgamento, comparação; mas, quando é que comparais, quando competis? Só o fazeis quando estais inseguro a vosso próprio respeito, quando não compreendeis a vós mesmos, quando existe temor no vosso coração. Compreender a si mesmo é compreender todo o processo da vida, e o autoconhecimento é o começo da sabedoria. Sem autoconhecimento, porém, não há compreensão: apenas ignorância; e a perpetuação da ignorância não é progresso.

É então necessária a competição para compreendermos a nós mesmos? Preciso competir convosco para compreender a mim mesmo? E porque rendemos culto ao sucesso? O homem incapaz de criar, que nada encerra em si mesmo, esse homem é que está sempre a esforçar-se, na esperança de um ganho, na esperança de tornar-se algo; e como quase todos nós somos interiormente pobres, interiormente indigentes, competimos, a fim de nos tornarmos exteriormente ricos. A ostentação exterior de conforto, de posição, de autoridade, de poder, deslumbra-nos, porque é essa coisa que desejamos.

Tudo isso é obviamente verdadeiro; entretanto, se o ouvis com o pensamento de que tendes de viver neste mundo de competição, não estais escutando realmente — estais somente comparando. Se não competirdes, podereis perder o emprego; se isso acontecer, que será das vossas responsabilidades, quem irá sustentar os vossos filhos? E, nessas condições, continuais numa roda-viva de competição. O homem que está todo interessado em descobrir o que é verdadeiro, que se acha num estado de revolta, tem necessariamente de sujeitar-se a muitos desconfortos físicos, não é verdade? Pode perder o seu emprego. Porque não? A mente sempre agarrada à segurança nunca encontrará a realidade. Só quando a mente compreender o real, serão resolvidos os nossos problemas, e não antes disso. O que quer que façamos, por mais sagazes que sejam as nossas mentes, por mais conhecimentos que adquiramos, qualquer que seja o processo de análise que adotarmos, — enquanto não encontrarmos o Real, que tem de ser descoberto a cada minuto, não haverá solução definitiva para os problemas humanos.

Surge a competição quando existe o desejo de sermos bem-sucedidos, de nos tornarmos algo no mundo material ou no mundo do saber, da intenção psicológica; e, enquanto a mente estiver competindo, comparando, julgando, jamais conhecerá o Real. Só quando a mente deixou completamente de escolher, de comparar, de julgar, de condenar, só então existe a possibilidade de se ver o que é verdadeiro, momento por momento; e aí se encontra a solução de todos os nossos problemas.

Krishnamurti em, Percepção Criadora,
 27 de junho de 1953

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill