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terça-feira, 3 de abril de 2018

Pode findar o “mecanismo do eu”?


Pode findar o “mecanismo do eu”?

Acho que muito importa a atitude com que comparecemos a estas reuniões, porque para mim elas são muito sérias. Não viestes aqui para encontrar-vos com vossos amigos, o que podeis deixar para mais tarde, ou para passar uma hora entretida, num mero debate verbal, opondo uma ideia ou opinião a outra. Tentamos examinar o muito complexo problema do viver, e para isso se requer muita seriedade de propósitos. Em vista, não tem evidentemente nenhum cabimento o tirarem-se fotografias ou a solicitação de autógrafos, pois isso é uma das muitas coisas fúteis que fazemos quando não temos propósitos verdadeiramente sérios; e desejo perdir-vos não considereis esta nossa reunião como um curioso ajustamento de pessoas muito seriamente interessadas em descobrir o pleno significado do viver. Tal é pelo menos o meu ponto de vista, e a coisa que me interessa muito seriamente. Há tanto caos, tanta miséria e confusão no mundo; e, por menos numerosa que essa esta assembleia, se pudermos examinar este problema muito atentamente, não só durante cerca de uma hora, numa tarde de sábado ou manhã de domingo, talvez então alcançaremos um ponto em que nós mesmos seremos os missionários, e não simples ouvintes; em que começaremos a falar sobre estas coisas, das profundezas de nossa própria compreensão e experiência. Assim, a minha intenção, quando vos falo aqui, não é a de pôr-me em destaque ou de “preencher-me”, o que evidentemente seria muito infantil, mas, sim, de ver se não podemos, juntos, despertar aquela inteligência, aquela perspectiva integral da vida, que habilitará cada um de nós a ser a chama que produz a revolução fundamental e radical em nosso próprio pensar, e portanto, quiçá, no mundo que nos rodeia. Se prevalecer aqui um espí­rito de serenidade, um senso de dignidade, um respeito mútuo, que exige atenção igual por parte de todos, talvez possamos examinar profundamente estes problemas, não nos satisfazendo com descrições, com o mero arranhar da superfície.

Desejo, se possível, discorrer nesta manhã sobre o problema da experiência, investigar o que é experimentar e — se não efetuarmos uma revolução fundamental no centro — que possibilidade existe de experimentarmos, sem darmos continuidade à experiência do passado. Pois bem. Que centro é esse? Sem dúvida, é o “eu”, o “ego”, a mente, a mente que é tão sensível, sobremodo hábil e capaz de compreender uma tão grande variedade de experiências, de armazenar inúmeras lembranças, que pode inventar, que sabe planejar um avião capaz de voar a catorze mil pés de altura, a uma velocidade de seiscentas milhas horárias.

Este centro, máquina complexa, de potencialidades ilimitadas, está circunscrito pela ideia do “eu”: meu prazer, minha segurança, minhas vaidades, minhas posses, meu progresso, meu preenchimento. É um centro de afeição, de ódio, de prazeres efêmeros, de inveja, avidez e sofrimento. E posso realizar uma revolução nesse centro, de modo que o “eu” se torne inexistente? Porque o “eu” é a fonte de todo sofrimento, não é verdade? Ainda que o “eu” tenha satisfações passageiras, alegrias e afeições superficiais, ele está constantemente multiplicando problemas e produzindo sofrimento. Por mais alto ou em qualquer nível que eu coloque o “ego”, ele estará sempre compreendido no campo do pensamento; e o pensamento, para a maioria de nós, é dor, é sofrimento, é uma batalha constante entre o que sou realmente e o que deveria ser. E, no entanto, esta máquina, esta mente, sempre a pensar em si mesma e na sua segurança, é também capaz de expansão infinita.

Não sei se já pensastes alguma vez na extraordinária significação, nas notáveis nuanças e sutis profundezas que têm para a mente palavras como “amor” e “ morte”. E, entretanto, esta mente com todas as suas sutilezas e sua ligeireza de movimentos está agrilhoada pela ideia do “eu”': o “eu” que não é amado e deve ser amado, o “eu” que deve amar, o “eu” que terá de morrer. E é possível que esse “eu”, esse “ego”, deixe de existir completamente? Tal é, fundamentalmente, o nosso problema, não achais? Todas as religiões, — não as igrejas organizadas, mas todos os verdadeiros instrutores, todas as civilizações e culturas sempre lutaram para eliminar o “'eu”, o senso do esforço separado. Vários governos têm feito esforços extraordinários para destruir o “eu”, pela tirania da esquerda ou da direita, pela dominação totalitária sobre o pensamento do “eu”, com o propósito de criar uma civilização de trabalho cooperativo. Todavia, esse “eu” está constantemente se afirmando, traduzindo toda experiência, toda reação, todo movimento do pensar em conformidade com seu próprio centro. O “eu”, o “ego” é fonte de conflito e dor, de luta perene por vir a ser, realizar, alcançar e, enquanto não percebermos esse fato, a nossa mente, por mais hábil e sutil e ilustrada que seja, só haverá de criar mais problemas e produzir mais sofrimentos. Assim, pois, aqueles dentre nós que tiverem intenções realmente sérias devem evidentemente orientar a sua indagação no sentido de descobrir se esse “eu” pode chegar a um fim.

Ora, que é esse “eu”? Um processo de reconhecimento, não é? Um centro de experiência, de temor, de alegria, de passageiro preenchimento, de memória. Se não existe “eu”, não há experiência com que a mente possa identificar-se, chamando-a minha experiência.

Não vos estou dizendo nada de novo. Pelo contrário, apenas descrevo o que realmente se passa em cada um de nós. O que expresso verbalmente tem de ser, por força, muito limitado; mas se, enquanto escutais, observais esse processo em vós mesmos, começareis a perceber as complexidades, as extraordinárias sutilezas do vosso próprio pensar; tornar-vos-eis cônscios de vosso próprio centro, desse arrogante ou negativo estado da mente, que se chama “eu” e que está sempre ávido de algum ganho, quer aceitando, quer rejeitando.

O “eu”, pois, é um centro de reconhecimento e experiência; e visto como cada experiência é traduzida pela mente de acordo com esse centro, ela está sempre limitando-se a si mesma. Enquanto existir o “eu”, a mente não poderá passar além, por mais hábil e por mais fantasticamente sutil que seja. Enquanto toda experiência for traduzida em termos referentes ao “eu”, em termos de gosto e desgosto, como pode a mente passar além? Uma mente toda empenhada em buscar o prazer e evitar o sofrimento, que está sempre limitando a si mesma com os seus esforços, suas exigências e temores — como pode essa mente experimentar ou compreender aquilo que existe além dela própria? E, entretanto, se temos inclinações sérias, é essa a coisa que estamos procurando, não é verdade? Naturalmente, se estamos satisfeitos dentro da rotina dos prazeres e dores de cada dia, não existe então problema algum; continuaremos o nosso caminho, substituindo uma dor por outra, um prazer por outro, uma crença ou dogma por outro. Porém, se desejamos ir mais longe, se queremos investigar, descobrir, então, por certo, o “eu”, que está perenemente limitando a mente, tem de acabar-se.

Mas, como pode terminar esse “eu”, esse “ego”, esse mover-se do pensamento que se concentra e se fecha em torno do “eu”? Esse centro se alimenta pela experiência, não é verdade? E que é experiência consciente ou inconsciente? Esta questão é importantíssima; pensemos nela juntos.

Experiência é continuação da memória, não é? Se me encontro com uma pessoa completamente estranha, não há reconhecimento. Todavia, se já conheço a pessoa, funciona imediatamente o processo de reconhecimento: experimento prazer ou desprazer, lisonja ou insulto. A mente, por conseguinte, traduz sempre a experiência de acordo com o conhecido. Consequentemente, o desconhecido, aquilo que se não pode investigar, se torna temível, uma coisa de fazer medo: o amanhã, a morte, o futuro. Sentindo medo, a mente constrói teorias, esperanças, ideais, e tudo isso vai dar mais força ao “eu”. Tal é o processo que conhecemos. Mas, se pudermos descobrir a maneira de não nutrir o “eu”, em nível algum, nem alto nem baixo, então talvez possamos, negativamente, pôr fim ao “eu”. Isso não se pode fazer positivamente, apenas de maneira negativa, pela verificação de como o “eu” se alimenta e subsiste. Sem dúvida, o “eu”, a mente, só é capaz de pensar em função da experiência passada, em função do conhecido. Nossas religiões, nossa cultura, nossa visão das coisas, nossos ideais, estão todos em relação com o conhecido, e a mente, o “eu”, apegando-se a essas coisas, se fortalece com a posse do conhecido.

Assim, uma vez percebida de todo esse processo, pode a mente libertar-se do conhecido e pôr-se num estado em que possa existir o desconhecido? Por certo, a única revolução verdadeira se realiza quando não existe mais o medo ao desconhecido. E essa revolução só é possível quando a mente percebe a futilidade do conhecido. Consciente ou inconscientemente, porém, andamos sempre em busca do conhecido; é o nosso desejo do conhecido que cria deuses, o céu, o ideal do futuro, o Estado perfeito. “Projetamos” o que deveria ser e obrigamos o homem a ajustar-se ao conhecido, e essa é nossa Utopia.

O homem jamais pode aperfeiçoar-se, porque sua perfeição é sempre “o conhecido”. É muito importante pensar nisso profundamente, de princípio a fim. Vivemos lutando para nos tornarmos cada vez mais perfeitos, tanto tecnológica como psicologicamente. O esforço para a conquista da perfeição tecnológica é compreensível. Mas o desejo de nos tornarmos mais perfeitos interiormente, psicologicamente, é sempre um esforço de ajustamento ao conhecido, a algo já experimentado — o que significa que a mente só pode aperfeiçoar-se em conformidade com o passado, ou de acordo com a reação do passado. Assim como a sociedade comunista é uma reação ao Estado capitalista, ao qual está sempre oposta, assim também o esforço da mente para aperfeiçoar-se é uma reação ao seu próprio condicionamento; e a reação nunca é perfeita, sendo, como é, apenas um prolongamento do conhecido.

O “eu” é uma entidade total. Conquanto falemos de “consciente” e “inconsciente”, só existe de fato um estado: a consciência. Conhecemos a parte que chamamos “o consciente”; a outra parte, porém, é muito difícil de conhecer-se; entretanto, a mente é um processo total que inclui tanto a consciência interior como a consciência periférica, o oculto bem como o manifesto. Ora, pode uma pessoa tomar conhecimento dessa consciência total que é o “eu” com seus desejos, suas ânsias, seus temores, seus impulsos, sua luta constante para aperfeiçoar-se, sua ânsia de preenchimento — pode uma pessoa tornar-se completamente conhecedora desse processo, sem fortalecer a atividade do “eu”? E pode todo esse processo do “eu” terminar? Por certo, ele não pode extinguir-se por um ato de volição, nem por meio de nenhum artifício, nem pela repetição de frases, de recitações monótonas — que é auto-hipnotização por meio de palavras — nem pela absorção em alguma fantasia idiota, tal seja a danação, ou a fantasia de Deus.

Se começardes a examinar esta questão, vereis que esse exame é realmente muito importante, porquanto a solução dos problemas humanos não se acha em nenhum dos níveis conscientes. Nossa consciência está atualmente limitada pelo “eu” e toda solução proveniente do “eu” produzirá apenas maiores malefícios e mais sofrimentos. Sabendo-se isso, estando-se percebidos do mecanismo total do “eu”, é possível sua extinção?

Compreendeis como temos tentado pôr fim ao “eu”, ao “ego”? Temo-lo tentado pela disciplina, por métodos de controle, de defesa, de resistência; tentamo-lo pela compulsão, pelo ajustamento a dogma e crença. Temo-lo tentado por meio de várias formas de sacrifício, pela abnegação em favor do que consideramos mais importante: nossa esposa e filhos, o Estado, o mundo. Temos tentado o auto-esquecimento, na guerra, nas obras sociais, na filantropia e por fim na ideia de Deus. Recorremos a todos esses artifícios — pois são de fato artifícios — e só temos produzido mais miséria, mais tirania e mais caos neste mundo.

Não precisamos ler muito para compreendermos tudo isso. Sois o resultado do passado, de toda a luta humana, de todas as realizações, alegrias e sofrimentos humanos. Toda a história da humanidade está contida em vós e se sabeis lê-la não precisais mais ler livro nenhum. Para se descobrir isso, não é necessária nenhuma filosofia ou sistema. Assim, pois, a pergunta que me faço e que espero façais também a vós mesmo, é a seguinte: “Pode essa coisa chamada “eu”, que, como um fio, permeia todas as nossas ações, todos os nossos pensamentos, todos os nossos movimentos afetivos — pode essa coisa terminar? Fazei, por favor, esta pergunta a vós mesmos, em vez de procurardes uma solução, pois qualquer solução que encontrardes há de ser uma solução positiva e, portanto, uma invenção da mente, que se tomará mais um meio de perpetuar o “eu”. Todavia, se vos fizerdes a pergunta, estando inteiramente percebidos de todo esse mecanismo, encontrareis, não uma resposta verbal, mas aquela resposta espontânea que é uma revolução e que só pode apresentar-se quando fazeis a pergunta sem nenhuma volição; e esse é o verdadeiro “escutar”. Se vos tornardes indiscriminadamente apercebidos do “eu”, em todas as suas atividades; apercebido de todo o processo do vosso pensar, tanto o cognitivo como o oculto; se o perceberdes sem julgamento nem condenação, produzireis infalivelmente aquela revolução no centro. A mente se tornará então sutil num grau extraordinário, espantosamente ativa e vigilante.

Por ora, as nossas mentes estão tolhidas pelos nossos temores, nossas frustrações, nosso desejo de bom êxito; mas se — sem julgamento, sem condenação e sem escolha — começarmos a perceber todo esse mecanismo da consciência, que se desenrola continuamente, quer despertos, quer dormindo, verificaremos que, apesar dos nossos conflitos, nossas guerras e brutalidades, uma revolução se opera no centro; e qual uma onda que rola para longe e mais longe, a ação procedente do centro tem o poder de resolver-nos todas as dificuldades. Entretanto, se forem atendidos simplesmente do exterior, os nossos problemas nunca sertão resolvidos. É do centro que surgem todos os problemas humanos; e se houver um findar, uma cessação completa no centro, isso por si mesmo produzirá uma revolução total. Mas uma mente que, deliberadamente, procura produzir uma revolução, desprezando o centro, só haverá de criar mais sofrimento. Porque então se cria um ideal; e o idealista nunca é revolucionário: ajusta-se simplesmente a um padrão de sua própria invenção.

Tende, pois, a bondade de prestar atenção a tudo isso, de absorvê-lo em silêncio, e vereis que a ação criadora é uma coisa que nasce quando a mente está tranquila, quando o “eu” está totalmente ausente. A atividade criadora que conhecemos ocasionalmente, resultante de agitação, não é a mesma coisa que a ação criadora livre do centro. A ação criadora livre do centro não é temporal, porque não é invenção da mente; e, sem essa ação criadora, tem a vida muito pouca significação, ainda que tenhamos toda a prosperidade e todas as comodidades deste mundo. Depressa nos cansamos do que temos, e queremos mais comodidades, novas invenções. Mas a criação a que me refiro não é para dar-nos satisfação, é algo totalmente desconhecido, que não pode ser concebido nem conjecturado. E virá apenas quando a mente, perfeitamente apercebida do mecanismo total do “eu”, compreende a significação deste e, por conseguinte, não mais o nutre de experiência.

Krishnamurti em, Percepção Criadora,
 28 de junho de 1953
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill