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sábado, 7 de abril de 2018

O mecanismo da prece e da oração

O mecanismo da
prece e da oração

PERGUNTA: Em todas as religiões, advoga-se a oração, como coisa necessária. Que dizeis acerca da oração?

KRISHNAMURTI: Não importa o que eu possa dizer a respeito de oração, porque então o que digo se torna meramente uma opinião oposta a outra opinião, e opinião nenhuma tem validade. Mas o que se pode fazer é investigar os fatos.

Que se entende por oração? Em parte, a oração é súplica, petição, desejo. Quando vos vedes em tribulação, aflição, e desejais ser confortado, rezais. Estais confusos, e desejais claridade. Os livros não vos satisfazem, o guru não vos dá o que desejais, e portanto recorreis à oração — a súplica silenciosa ou recitação de frases.

Ora bem, se ficais repetindo certas palavras e frases, vereis que a mente se tornará muito quieta. É um evidente fato psicológico que a quietude da mente superficial é produzida pela repetição. E, aí, que acontece? O inconsciente pode ter uma solução para o problema que está agitando a mente superficial. Estando esta tranquila, pode o inconsciente transmitir-lhe a sua solução e dizemos, então: "Deus me atendeu". É com efeito, fantástico — se nos pomos a pensar no assunto — é fantástico ver-se essa mente pequenina, banal, que se acha num estado de tribulação por ela própria provocada, esperar uma resposta daquele "outro estado" — o imensurável, o desconhecido. Mas nossa petição é deferida, achamos uma solução, e ficamos satisfeitos. Este é um dos aspectos da oração.

Agora, rezais quando sois felizes? Quando estais apercebidos dos sorrisos e das lágrimas dos que vos cercam; quando vedes o céu límpido e risonho, as montanhas, os campos cheios de riquezas, os movimentos ligeiros das aves; quando há alegria e deleite no vosso coração — rezais então? Não o fazeis, naturalmente. Entretanto, ser sensível às belezas da terra e também às suas misérias e sofrimentos, estar apercebido de tudo o que se passa em derredor — isso também, por certo, é uma forma de oração. Talvez tenha mesmo muito mais significação, um valor muito mais alto, porquanto poderá varrer-nos do espírito as teias-de-aranha da memória, os impulsos vingativos, enfim todas as estúpidas acumulações do "eu". Mas uma mente que se acha ocupada consigo mesma e seus próprios desígnios, que está cativa de crenças, dogmas, temores, ciúmes, ambições, avidez, inveja — essa mente de modo nenhum pode estar apercebida desta coisa maravilhosa que se chama a vida. Ela está presa nas correntes de sua própria atividade egocêntrica; e quando essa mente ora, seja pedindo uma geladeira, seja pedindo solução para os seus problemas, ela continua pequenina, ainda que suas orações sejam atendidas.

Tudo isso suscita a questão da meditação, não é verdade? A meditação é evidentemente necessária. A meditação é uma coisa extraordinária, mas em geral não sabemos o que é meditar. Só nos interessa saber como meditar, praticar um método ou sistema que nos faça ganhar alguma coisa, "realizar" o que chamamos Paz, Deus. Nunca nos interessou descobrir o que é meditação e quem é o meditador. Mas se começarmos a investigar o que é meditação, talvez venhamos a saber o que é meditar. O investigar da meditação é meditação. Mas para poderdes investigar o que é meditação, não deveis estar seguindo sistema algum porque, em tal caso, a vossa meditação fica condicionada pelo sistema. Para se poder explorar a fundo este problema da meditação, todos os sistemas têm de desaparecer. Só uma mente livre pode explorar; e o próprio mecanismo de libertar a mente, para explorar, é meditação.

Krishnamurti, Terceira Conferência em Madanapale
26 de fevereiro de 1956, Da Solidão à Plenitude Humana

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill