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domingo, 1 de abril de 2018

O sofrimento é atividade egocêntrica

O sofrimento é atividade egocêntrica

A semana passada falamos da vida holística (uma maneira de viver sem fragmentação, sem divisões, ao contrário de nossas vidas). Analisamos essa questão com bastante profundidade. Vimos que as causas da fragmentação são os diferentes fatores de nossa vida social, moral e religiosa que nos dividem em hindus, muçulmanos, cristãos, budistas, etc. As religiões são as máximas responsáveis desta catástrofe. Também falamos do tempo (o passado com todas recordações, a acumulação de experiências, etc.) Dizemos que o tempo se modifica no presente e segue para o futuro. Assim é a nossa vida. Segundo os biólogos e os arqueólogos, levamos mais de três milhões e meio de anos vivendo na Terra. Durante este longo período chamado “evolução”, temos acumulado muita memória. Também falamos da limitação da memória e do pensamento, e de como essa limitação divide o mundo geográfica, nacional e religiosamente.

[...] Nossas vidas, nossa vida cotidiana está em desordem. Isso significa uma contradição: dizer uma coisa e fazer outra, crer em algo e atuar de maneira totalmente diferente a como o faríamos. Essa contradição gera desordem. Pergunto-me se todos nos percebemos desse problema. Segundo parece, cada vez há mais e mais desordem no mundo, devido aos maus governos, à economia e às condições sociais. Sempre está presente a ameaça da guerra, que cada vez parece mais iminente, mais e mais pressionada, e os governos de todo o mundo, inclusive das pequenas nações, estão comprando armamento. Em todo o mundo há uma enorme desordem, e nossas vidas diárias também bebem dessa fonte, ainda que constantemente tratemos de conseguir ordem. Queremos ordem, porque sem ela, os seres humanos, sem dúvida, se destruirão entre eles.

Espero que compartilhemos este tema, que pensemos, observemos e escutemos juntos, para ter um diálogo no qual possam participar. Não se trata de acumular umas poucas ideias ou conclusões, senão que juntos devemos averiguar por que vivemos em desordem, e se pode haver uma completa ordem em nossas vidas e, portanto, na sociedade.

Nós temos criado a sociedade com nossa cobiça, nossa ambição, nossa inveja e com nosso conceito de liberdade individual. Essa sensação de individualidade tem gerado enorme desordem. Por favor, não estamos acusando a ninguém; tão só observamos o que ocorre no mundo. Em nossas vidas, tal como vivemos depois destes milhões de anos, segue havendo desordem, apesar de que sempre buscamos ordem, porque sem ordem não é possível funcionar com liberdade e de maneira holística. Assim, pois, devemos descobrir o que é ordem, não como um projeto, não como algo que devemos enquadrar e logo seguir. A ordem é algo muito ativo, muito vivo; não se adapta a nenhum modelo, seja idealista, histórico, conclusões dialéticas ou imposições religiosas. As religiões de todo o mundo se apoiam em certas leis, imposições e preceitos, mas os seres humanos não os seguem de nenhuma maneira. De modo que vamos descartar todas estas conclusões ideológicas e crenças religiosas, que nada têm que ver com nossa existência cotidiana. Já temos aceitado e seguido leis impostas pelas religiões, mas só tem gerado mais fanatismo, etc.

O que é a ordem? É possível descobrir o que é ordem quando nossos cérebros estão confusos e em desordem? Por isso devemos saber o que é desordem e não o que é a ordem, porque quando não há desordem, naturalmente aparece a ordem. Estão de acordo? Uma das causas da desordem, talvez a maior causa, seja o conflito. Se há conflito (não só entre homem e mulher, senão também entre nações, religiões, crenças e fés) deve haver desordem.

[...] Devemos estudar a questão de se vivemos nessa ilusão de que somos indivíduos separados. A teoria comunista, como talvez saiba a maioria, diz que somos o resultado de nosso meio ambiente e, em consequência, se modificamos nosso ambiente, também modificaremos os seres humanos. Isso é totalmente absurdo, como se torna patente quando se observa a Rússia totalitarista. O domínio de uns poucos e o controle do pensamento, entre outras coisas, não tem colocado fim a individualidade como se esperava, senão totalmente o contrário. De modo que uma das maiores causas da desordem em nossas vidas se deve a que cada um acredita que é livre, cada um pensa em sua própria realização, em seus desejos, em suas ambições, em seus prazeres particulares. Descubramos se a individualidade é um fato ou se é uma ilusão largamente estabelecida e respeitada. Podemos investigá-lo juntos sem aceitá-lo ou negá-lo? É uma tolice dizer: “Estou de acordo com você”, ou “Não estou de acordo”. Não estão de “acordo” ou em “desacordo” com o nascer ou pôr do Sol; é um fato. Nunca dizem: “Estou de acordo de que o Sol nasce pelo leste”. Assim, pois, podemos deixar de lado esse conceito de estar de acordo ou em desacordo, e investigar sem preferências, sem resistências, se existe realmente a individualidade ou se existe algo totalmente diferente?

Nossa consciência é o resultado de um milhão de anos ou mais. Contém toda a essência animal e primitiva, visto que viemos do animal, da natureza. Vemos que no mais profundo de nossas consciências, ainda há fortes respostas animais: estão os medos e o desejo de segurança. Tudo isso faz parte de nossa consciência. Nossas consciências também contém inumeráveis crenças, fés, reações, ações, diferentes recordações, medos, prazeres, sofrimentos e essa busca de total segurança. Isso é tudo o que somos. Podemos pensar que temos uma parte divina, mas isso só faz parte de nosso pensar. Acreditamos que toda essa consciência pertence a cada um de nós, não é verdade? O cristianismo, o hinduísmo e as demais religiões sustentam que somos almas separadas.

Bem, agora, nós o questionamos. Você não compartilha do sofrimento com o resto dos seres humanos? Os homens de todo o mundo têm diferentes tipos de medo e de prazeres. Eles sofrem e você também o faz. Eles rezam e fazem todo tipo de absurdas cerimônias, igual a vocês; e buscam estímulos e sensações através de cerimônias, igual a vocês. De modo que compartilhamos a consciência com toda a humanidade; você é a humanidade inteira. Primeiro, veja a lógica de tudo isto. Qualquer ser humano sofre na Terra, independente de sua religião ou crença. Todo ser humano sofre, profunda ou superficialmente, e trata de escapar desse sofrimento. Mas essa consciência, que consideramos “minha”, que é “nossa consciência pessoal”, não é um fato, porque todos os seres humanos que vivemos nesta maravilhosa e bela Terra (que pouco a pouco destruímos) passamos pelos mesmos problemas: dor, ansiedade, solidão, desespero, lágrimas, risos, contradições, o conflito entre o homem e a mulher, entre o esposo e a esposa. Bem, se temos essa consciência, somos indivíduos? Porque você é isso, sua consciência. Não importa o que pense ou imagine, suas tendências, suas atitudes, seus talentos e seus dons, já que tudo isso é compartilhado pelo resto dos seres humanos, que são exatamente como você ou semelhantes. Isso é um fato lógico. E a lógica tem seu lugar. Você deve pensar com clareza, com lógica, com sanidade, raciocinando. Mas a lógica se baseia no pensamento. Por mais lógico que possa ser, o pensamento é limitado. Por isso deve ir mais além do pensamento, mais além dos limites do raciocínio e da lógica.

Você é a humanidade inteira; não somos indivíduos. Escutem esta informação: você são a humanidade inteira; são a humanidade, não são indianos nem todas essas absurdas divisões. Ao escutar uma afirmação como esta, a convertem numa abstração? Quer dizer, convertem esse fato numa ideia? O fato é uma coisa e a ideia a respeito do fato é outra. O fato é que vocês acreditam que são indivíduos. Suas religiões, suas vidas cotidianas, seus condicionamentos lhes faz crer que são indivíduos. E se alguém como o orador lhes diz: “analisem-no com cuidado, estão seguros de que é assim?” A princípio resistem e respondem: “O que está dizendo?”. O descartam. Mas se escutam detidamente, então acabamos compartilhando essa informação de que são a humanidade inteira. Como escutam essa afirmação, como escutam seu som? A convertem numa ideia afastada do fato e logo perseguem essa ideia?

Ao escutar a afirmação de que sua consciência, com todas as reações e ações, é compartilhada por toda a humanidade, porque cada ser humano passa pelo desespero, a sensação de solidão, o sofrimento e a dor, igual a você, como escuta essa afirmação? A recusa ou a examina? A analisa ou tão só diz: “Que besteira?” O que está fazendo, não amanhã, senão agora? Qual é a sua reação? Pode escutar sua profundidade, seu som, sua beleza, sua imensidade, sua tremenda responsabilidade, ou tratá-la de forma superficial, verbal, dizendo: “Sim, a entendo intelectualmente”. O entendimento intelectual pouquíssimo significado. Deve estar em seu sangue, em suas entranhas, e daí surge uma qualidade diferente no cérebro, uma qualidade holística, não fragmentada. A fragmentação é o que cria a desordem. Nós, como indivíduos, temos fragmentado a consciência humana e, portanto, vivemos em desordem.

Perceber que somos a humanidade inteira é amor. Então não matará a ninguém, não fará dano a ninguém. Se afastará de qualquer agressão, da violência e da crueldade das religiões. Nossa consciência é uma com a humanidade. Não veem a beleza, a imensidão disso. Regressarão a seus próprios padrões, pensando que todos somos indivíduos; lutarão, se esforçarão, competirão, cada um tratando de preencher seu próprio pequeno e detestável ego. Sim, senhor, isso não significa nada para você, porque regressará ao seu modo de viver. De modo que é preferível que não escute nada de tudo isto. Se escuta uma verdade e não atua, essa verdade se converte em veneno. Por isso nossas vidas são muito opacas e superficiais.

Também devemos falar juntos do porque o homem busca sempre o prazer: de possuir, de realizar, de poder, de ter um status. Está o prazer sexual, que se mantém com o incessante pensamento centrado no sexo, o imaginar, o criar representações e imagens, quer dizer, o pensamento estimula o prazer, e as sensações se convertem em prazer. Assim, pois, devemos compreender o que é o prazer e por que o buscamos. Não dizemos que é bom ou mal. Não estamos condenando o prazer, da mesma maneira que não fazemos o mesmo com o desejo. O desejo é parte do prazer. Realizar um desejo é a mesma natureza do prazer. O desejo pode ser a causa da desordem, cada um querendo realizar seu próprio e particular desejo.

Assim que juntos vamos estudar se o desejo é uma das maiores causas da desordem; devemos explorar o desejo, não condená-lo, não escapar dele, nem tratar de reprimi-lo. Quase todas as religiões dizem: “Reprima o desejo”, o qual é absurdo. Vejamos: o que é o desejo? Façam-se essa pergunta. Seguramente muitos de nós nunca nos temos questionado. O aceitamos como parte da vida, como um instinto natural do homem ou da mulher e, em consequência, dizemos: “por que devemos nos preocupar?” Há pessoas que renunciam ao mundo, que ingressam em mosteiros, e tratam assim de reprimir seus desejos adorando a um símbolo ou a uma pessoa. Tenham presente que não estamos condenando o desejo. Tratamos de descobrir o que é e por que o homem leva milhões de anos preso no solo do desejo físico, senão também no psicológico, na rede dos desejos.

[...] Estamos observando o desejo, sua origem, e por que sempre os seres humanos estão presos no desejo. Se têm um pouco de dinheiro querem mais; se têm um pouco de poder, querem mais. E o poder em todas as suas formas, seja sobre sua esposa ou seus filhos, político ou religioso, é uma coisa abominável. É maléfico, porque não tem nada que ver com a verdade. Assim, qual é a origem do desejo? Vivemos de sensações; se não as tivéssemos, sejam elas biológicas e psicológicas, seríamos seres humanos mortos; não é certo? O grasnar de um corvo atua sobre o tímpano e os nervos, e esse som se traduz como o grito do corvo. Isso é uma sensação. A sensação surge do escutar ou de ver, e logo vem o contato. Você vê um jardim muito bem cuidado: tem uma cor verde intensa, perfeita, não têm ervas daninhas. É belo de contemplar. Primeiro o vê, então, se é sensível, se aproxima e toca a relva. Quer dizer, primeiro vê, depois há um contato, e logo se produz a sensação.

Vivemos de sensações; são necessárias. Se você não é sensível está embotado, está meio morto, como a maioria das pessoas. Tomemos um exemplo simples. Observa um belo sári ou camisa em uma tenda. A vê. Entra na tenda e a toca; ao tocá-la surge uma sensação e diz: “Deus meu, que textura tão bela!” O que ocorre mais tarde?...

Vejo um belo automóvel, tocam o abrilhantado, sua forma e seu perfil. Daí surge uma sensação. Mais tarde, o pensamento interfere e diz: “Que fantástico seria tê-lo, que bonito seria dirigi-lo!” Que ocorreu? O pensamento interferiu e deu forma à sensação, acrescentou à sensação a imagem de si mesmo sentado no automóvel e o dirigindo. Nesse momento, nesse segundo, quando o pensamento cria a imagem de si mesmo sentado no automóvel, surge o desejo. O desejo aparece quando o pensamento lhe dá forma, quando cria uma imagem da sensação. Bem, agora, esta é uma expressão da existência, é parte da vida. Mas vocês têm aprendido a reprimir, a dominar ou a viver com o desejo e todos os seus problemas. Então, se compreendem isso, não intelectualmente, senão de verdade, se entendem que o pensamento da forma à sensação, e um segundo depois surge o desejo, a pergunta seguinte é: podemos ver e tocar o automóvel, o qual é uma sensação, mas não permitir que o pensamento crie uma imagem? Trata-se de manter um intervalo.

Mas também deve-se averiguar o que é a disciplina, já que está relacionada com o desejo. A palavra disciplina procede do termo discípulo cujo significado etimológico é “aquele que aprende”. Um discípulo é aquele que aprende (aprender, não conformar-se, não controlar, não reprimir, não obedecer, não seguir, senão o contrário, aprender através da observação). Assim, estamos aprendendo sobre o desejo. Aprender não é memorizar. A maioria estão treinados, em especial se pertencem ao exército, a disciplinar-se segundo um padrão, a copiar, a seguir, a obedecer. Mas se você aprende, então esse mesmo aprender tem sua própria ordem; não há necessidade de impor uma ordem mediante uma lei ou qualquer outra coisa. Aprender, descobrir se é possível que a sensação floresça sem permitir que o pensamento interfira, manter a sensação e o pensamento separados. O farão? Se o fazem, verão, descobrirão que o desejo tem seu lugar. E quando se compreende a natureza do desejo, o conflito cessa.

Também devemos falar do amor, do sofrimento e da morte. Tudo isto é muito sério porque afeta a sua vida diária. Não se trata de um jogo intelectual, pois que afeta a sua vida; não a de outros, senão à maneira em que se vive há milhões de anos. Observem isso. Tudo isto têm criado grandes estragos no mundo. Todos querem uma posição de destaque, realizar algo, ser algo. E se observamos, vemos que há um enorme sofrimento. Cada ser humano no mundo, tanto se ocupa uma posição destacada como se é um simples aldeão ignorante, passa por esse enorme sofrimento. Pode ser que não reconheça a natureza, a beleza e a força do sofrimento, mas passa por essa dor igual a sua. Os seres humanos têm padecido do sofrimento durante milhões de anos, e não têm solucionado este problema, senão, ao contrário, porque tratam de fugir dele. Qual é a relação entre o sofrimento, o amor e a morte? É possível colocar fim ao sofrimento? Essa é uma das perguntas que a humanidade tem se feito durante um milhão de anos. É possível terminar com a dor, a ansiedade, a tristeza e o sofrimento?

O sofrimento não é só particular, senão que também se inclui o da humanidade. Historicamente, tem havido cinco mil anos de guerras. Isso significa que cada ano muitas pessoas matam a outras para garantir a segurança de sua tribo, sua religião, sua nação, sua comunidade e sua proteção individual, entre outras coisas. Percebem o que as guerras fazem, dos estragos que geram? Quantos milhos têm chorado, quantos milhões têm sido feridos, têm perdido os braços, pernas, olhos, e inclusive seus rostos? Vocês não sabem nada de tudo isto. Bem, é possível colocar fim ao sofrimento e toda a dor que isso implica? O que é o sofrimento? Não sabem o que é? Lhes envergonha reconhecê-lo? Quando seu filho, sua filha ou outro que acredita amar se parte, não tem derramado lágrimas? Não tem sentido uma terrível solidão ao perder para sempre um companheiro? Não se fala da morte, senão dessa coisa imensa que o homem padece sem nunca encontrar uma solução.

Se o sofrimento não cessa, não há amor. O sofrimento é parte de nosso interesse próprio, de nosso egoísmo, de nossa atividade egocêntrica. Possivelmente chora por alguém, por seu filho, por seu irmão, por sua mãe, por quê? Porque perdeu alguém a quem estava unido, a alguém que lhe oferecia companhia e conforto, entre outras coisas. Ao perder essa pessoa se dá conta do muito vazia, do muito solitária, que é sua vida. Então chora. E aparecem muitas outras pessoas dispostas a lhe consolar, e você cai com muita facilidade nessa armadilha do conforto. Há o conforto de Deus, que é uma imagem criada pelo pensamento, ou de alguma ideia ou conceito ilusório. Isso é tudo o que queremos. Nunca questionamos essa urgência, esse desejo de conforto. Nunca questionamos se realmente existe o conforto. Necessita-se de uma cama ou uma cadeira confortável, o que está bem. Mas nunca nos questionamos se existe realmente o conforto psicológico, interno. Por acaso esse conforto não é uma ilusão que você tem convertido em sua verdade?

Você pode converter uma ilusão em sua verdade (a de que você é Deus, de que Deus existe). Esse deus foi criado pelo pensamento, pelo medo. Se não tivesse medo, não haveria nenhum deus. Deus é uma invenção que nasce do medo, da solidão, do desespero e da busca de um conforto duradouro do homem. Nunca nos questionamos se existe satisfação profunda e duradoura. Todos querem sentir-se satisfeitos, não só com a comida, senão também sexualmente, ou conseguindo alguma posição de autoridade e obtendo conforto dessa posição. Questionamo-nos se realmente existe algum tipo de conforto, se existe algo que seja gratificante desde o momento em que nascemos até que morremos. Não escutem só a mim; investiguem, ponham sua energia, seu pensamento, seu sangue e seu coração em descobri-lo. Se não tivessem ilusões, existiria o conforto? Há que se ter em conta que é outro tipo de prazer.

Esse é um problema muito complexo de nossa vida (por que somos tão superficiais, banais, cheios de conhecimentos de outras pessoas e de livros; por que não somos independentes, seres humanos livres para descobrir, por que somos escravos). Não se trata de perguntas retóricas, senão de questionamentos que cada um deve se fazer. No próprio perguntar e duvidar, chega a liberdade. Sem ela, a verdade não tem nenhum sentido.

Amanhã analisaremos a questão do que é uma vida religiosa, e se existe algo totalmente sagrado, santo, algo que não tenha sido inventado pelo pensamento.

Krishnamurti, Bombaim, terceira palestra pública
9 de fevereiro de 1985
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill