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quarta-feira, 4 de abril de 2018

Pode a mente morrer para si mesma?


Pode a mente morrer para si mesma?

PERGUNTA: Que significação tem a morte física na vida do indivíduo? Não é ela a grande libertadora de todas as nossas misérias?

KRISHNAMURTI: A morte resolve-nos todos os problemas? E porque é que tantos de nós tememos a morte? Quanto mais velhos ficamos, tanto mais ansiosos nos tornamos. Por quê? E a morte, a terminação do estado físico, dissolve os nossos complexos pensamentos? O pensamento não tem continuidade? Ele pode não continuar em mim; o pensamento, porém, é contínuo; e o pensamento, que é contínuo, nunca pode encontrar alívio das suas misérias. Assim, pois, temendo a morte, nutrimos teorias, esperanças de continuidade; dizemos que deve haver reencarnação, que devo renascer para ter uma oportunidade maior na próxima vida. Não me acabo. E qual é o valor de todas as minhas acumulações, dos conhecimentos e experiências que acumulei, se não puder preencher-me na próxima vida, ou ressuscitar no futuro, ou encontrar um lugar no céu? Estamos sempre com medo do desconhecido, do amanhã, e por isso nos pomos a procurar meios e modos de evitar aquele findar. Ou, ainda, Raciocinamos logicamente, dizendo que tudo se acaba e renasce: morro, decomponho-me fisicamente, para que possa renascer sob outra forma, ou animar outra entidade. Por meio da razão e da lógica, transcendem os o temor da morte, e ficamos satisfeitos. Ou, também, satisfazemo-nos com a crença numa vida futura, em algo posterior à morte, a que a mente possa apegar-se. A mente, pois, está perenemente em busca de sua pró­pria continuidade; mas o que é contínuo é o “conhecido”, e o conhecido jamais pode encontrar o incognoscível. Este é que é o nosso problema, não achais? Em plena vida, estamos morrendo, pois somos resultado do conhecido. Nunca, por um momento, rejeitamos todas as coisas que conhecemos e nos despojamos completamente do passado; nunca deixamos a mente ser vazia totalmente, consciente e inconscientemente nua, despojada interiormente de todas as suas experiências, de todas as suas crenças, de todo o seu saber, para que o desconhecido possa ter existência.

Afinal de contas, que é que sabemos? Na realidade, que sabeis vós? Sabeis o caminho de vossa casa; tendes certos conhecimentos, certas noções políticas ou econômicas; sabeis desempenhar-vos de um cargo; sabeis a importância do vosso seguro, a marca do vosso carro; e tendes um pouquinho de conhecimento de vossos próprios desejos e apetites, das experiências e reações que são produto do vosso condicionamento. Afora isso, que mais sabeis? Conheceis a luta perene para ser alguma coisa: se sois presunçoso, orgulhoso, lutais para ser humilde, etc. Eis tudo o que sabemos. Vivemos dentro dessa esfera do “conhecido”, o conhecido de prazer e de dor. E com uma tal mente procuramos convencer a nós mesmos de que não há morte, inventando teorias, a crença na reencarnação, na ressurreição, enfim todas as inumeráveis ilusões criadas pela mente, para fugir de sua própria característica cognitiva. Assim, se bem estejamos vivos, estamos morrendo dentro do campo do conhecido.

Sem dúvida, se desejais descobrir o que é imortal, o que se acha além da mente, então a mente, que é o conhecido, tem de acabar-se; deve morrer para si mesma. Tendes lido a respeito de todas essas coisas, ou me tendes ouvido frequentemente; e, entretanto, a mente continua sempre a buscar uma resposta, a perguntar o que existe além da morte. Todas as sociedades estúpidas prosperam à custa do vosso apetite de saber o que existe além ; e quando vo-lo dizem, sentis-vos satisfeito, pelo menos temporariamente. Porém, o problema real, o temor ao desconhecido, persiste, como uma úlcera.

Nessas condições, compreendendo que a mente apenas funciona dentro do campo do conhecido, não podemos permanecer completa e passivamente apercebidos do conhecido, sem fazermos nenhum movimento positivo para dentro do desconhecido? Isso significa: estar aberto à morte, ao desconhecido, ao Real. Significa que prosseguimos com o conhecido pela melhor maneira que podemos e conhecemos perfeitamente as suas limitações; e, conhecendo-as, não há “projeção” no futuro, no amanhã. Não há mais medo ao desconhecido; a morte já não é uma coisa temível; o que não significa termos agora uma nova teoria, uma nova explicação e que devemos instituir novos grupos para discutir sobre o que existe além, pois isso é infantil. Mas, quando reconhecemos as limitações da mente, do conhecido; quando percebemos que somos limitados, e estamos apercebidos disso totalmente, isto é, tanto conscientemente como nas camadas mais profundas da nossa consciência, — há uma completa cessação da atividade da mente; a mente, como pensamento, como “eu sei”, deixa de existir. Há então a possibilidade de manifestar-se o desconhecido. Mas não podeis chamar o desconhecido; não podeis chamar Deus, a Verdade, ou que nome lhe deis. O que se conhece é purgatório, é inferno; o desconhecido é o céu. Mas o incognoscível nenhuma relação tem com o conhecido; só se manifesta quando a mente está de todo tranquila. A mente como pensamento deve deixar de existir, deve morrer, e só então pode surgir a Realidade Eterna.

Krishnamurti, em Percepção Criadora
12 de julho de 1953

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill