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quinta-feira, 5 de abril de 2018

Por que tememos “ser nada”?


Por que tememos “ser nada”?

Um dos nossos problemas mais sérios, quer-me parecer, é a questão da violência e nosso desejo de paz. Não creio que se possa achar a paz, sem se compreender completamente a anatomia da violência. E a paz não é uma coisa oposta à violência; é um estado totalmente diferente, que, por conseguinte, não pode ser concebido por uma mente toda entranhada de violência. Como a vida da maioria de nós se escuda na violência, e o nosso pensamento, pela maior parte, é pautado pela violência, acho de suma importância compreender este problema, que é muito complexo e requer penetração e discernimento fora do comum; e, nesta tarde, é meu desejo examiná-lo.

É muito estranho que nenhuma das religiões organizadas, excetuados talvez o budismo e o hinduísmo, tenha concorrido para acabar com as guerras e feito cessar este espantoso antagonismo existente entre os homens. Pelo contrário, certas dessas chamadas religiões têm instigado guerras e se tornado responsáveis por horrorosos morticínios de seres humanos. Se examinamos a nossa vida de cada dia, vemos que está cheia de violência; e por que razão somos violentos? De onde nasce a violência, e é realmente possível extingui-la? A meu ver, só se pode chegar ao fim da violência, fazê-la cessar, eficaz e radicalmente, quando se conhece a fonte de onde brota a violência. E desejo pedir-vos que não vos limiteis a escutar minha descrição da violência, mas que, principalmente, no desenvolver desta palestra, observeis os movimentos do vosso próprio pensar, para, com a ajuda da descrição, “experimentardes” diretamente os fatores que se ocultam por detrás da palavra “violência”.

Porque somos violentos, não só como raça, mas também como indivíduos? Não sei se alguma vez já vos fizestes esta pergunta. E com que atitude nos abeiramos da questão da violência, quando a encaramos, dela estamos cônscios, quando pensamos a seu respeito? É certo que a maioria das pessoas diz que a violência não pode ser evitada, que somos educados nesta sociedade que nos condiciona e estimula a ser violentos — e, dessa maneira, passamos mui sucinta e rapidamente por cima do problema. Mas vejamos se não podemos descer mais fundo, para investigar o problema e descobrir porque é que cada um de nós tem essa estranha tendência para a violência, e se é possível acabar com ela, não superficialmente, mas fundamentalmente, profundamente.

Nossa civilização, é bem óbvio, está baseada na violência — não só no mundo ocidental, mas também no Oriente. A sociedade estimula à violência, toda a nossa estrutura econômica, social e religiosa, nela se baseia. Não estou empregando a palavra “violência” apenas no sentido superficial de manifestação de cólera ou animosidade, porém abarcando com ela todo o problema da ambição, da competição, do desejo de poder, por parte de cada um, que gera inevitavelmente a violência. Tem de haver violência enquanto estou a competir com outro, enquanto sou ambicioso, ganancioso — ganancioso, não apenas no sentido mundano da avidez de possuir certas coisas, mas ganancioso num sentido mais profundo da palavra, ou seja o de sermos impelidos pelo desejo de nos tornarmos alguma coisa, de dominar, ter segurança, ocupar uma posição inatacável.

Assim, enquanto buscamos o poder, sob qualquer forma, não pode deixar de haver violência. Por favor, não digais: “Numa civilização que está baseada na violência, que posso eu fazer como indivíduo?” Acho que esta pergunta será respondida, se puderdes escutar o que estou dizendo, em vez de perguntardes o que se deve fazer. O “fazer” não é importante. Acho que a ação vem espontânea, quando compreendemos, na sua inteireza, o complexo problema da violência. O impulso para agir, com relação à violência, sem se compreender o desejo de ser algo, o desejo de impor-se, de dominar, de “vir a ser”, é uma verdadeira infantilidade. Mas, se ao contrário, somos capazes de compreender, no seu todo, o mecanismo da violência, e perceber a verdade respectiva, penso que então esse próprio percebimento produzirá uma ação não premeditada e, por conseguinte, genuína. Não sei se me estais seguindo.

Vede o que está acontecendo no mundo. Todo político fala de paz, e ao mesmo tempo, com seus atos, está preparando a divisão, o antagonismo, a guerra. E a mim me parece importantíssimo que aqueles de nós que sentem muito interesse por estas questões compreendam a verdade contida no problema, sem perguntarem “o que fazer”; porque, se compreendemos a verdade que o problema encerra, esta própria percepção do que é verdadeiro precipitará uma ação que não é vossa nem minha, e cujo alcance nem vós nem eu podemos descortinar ou prever.

É um fato bem evidente que tudo o que fazemos neste mundo, social, econômica e religiosamente, está baseado na violência, isto é, no desejo de poder, posição, prestígio, o que implica ambição, vontade de realização. Os gigantescos edifícios que construímos, os templos colossais, são índices desse senso de poder. Não sei se já vos detivestes a contemplar essas soberbas construções e qual a vossa reação diante delas. Poderão ter beleza, mas para mim a beleza é uma coisa totalmente diferente. Porque a beleza exige sobriedade, e um estado de completo abandono, passividade, e esse estado não pode existir onde está o espírito da ambição a expressar-se em realizações espetaculares. Onde há sobriedade, está a simplicidade, e só a mente simples é capaz de abandono (passividade). Desse abandono é que vem o amor. Este estado é a beleza.

Mas nós o desconhecemos totalmente. Nossa civilização, nossa cultura, baseia-se na arrogância, no espírito de realizarão e, em sociedade, estamos a esganar-nos uns aos outros, competindo brutalmente, para realizar, adquirir, dominar, tornar-nos alguém. Eis evidentes fatos psicológicos.

Agora, porque existe este estado de violência? E, reconhecendo a sua existência, somos capazes de transcendê-lo? Se o formos, acho que então estaremos aptos a penetrar em algo que é completamente diferente. Consideremos, por exemplo, o desejo de dominar. Porque queremos dominar? Em primeiro lugar, estamos apercebidos, nas nossas relações e na nossa atitude perante a vida, desse espírito de domínio, esse espírito que aspira ao poder, à posição? Se estamos apercebidos dele, de onde provém ele? Compreendeis o que estou perguntando? Se pudermos descobrir de onde provém o espírito de domínio, esse descobrimento poderá responder à pergunta “Porque somos violentos?”. Todos somos violentos, no sentido de que todos nós, de diferentes maneiras, desejamos ser alguém; somos todos dados à competição, ambiciosos, gananciosos, desejosos de domínio. Tais são os sintomas exteriores de um estado interior; e interessa-nos descobrir qual é esse estado interior que nos impele a proceder assim. Estamos apercebidos, em algum grau, desse estado, ou apenas nos estamos ajustando a um padrão moral, como indivíduos ideologicamente não-violentos, não-ambiciosos, sem investigarmos realmente a fonte, a raiz das nossas ações? Se isso nos for possível, então poderá ser completamente diferente a nossa maneira de proceder, com relação ao problema da violência. Tende, pois, a bondade de escutar o que estou dizendo, sem a atitude de quem exclama “Oh! é só isso?” — porém, antes, deixai-me oferecer-vos uma oportunidade, de autodescobrimento. Se, com a ajuda do que estou dizendo, puderdes descobrir, experimentar realmente a coisa, por vós mesmos, então esta palestra terá um efeito extraordinário.

Porque sou violento? Preciso compreender isso. Vejo que sou violento porque, socialmente, religiosamente, existe esse extraordinário impulso para ser alguma coisa. Esse impulso é um fato. No mundo dos negócios quero ser; mais rico do que sou, mais capaz do que outros, “estar de cima”, e no chamado mundo espiritual estou seguindo uma autoridade que me ajudará a tornar-me alguma coisa, lá, naquele mundo. Vejo, pois, que minhas atividades, meus pensamentos, minhas relações se baseiam todas na vontade de domínio, na dependência. Quando preciso de apoio, tenho de seguir uma autoridade, o que gera violência.

Ora, desejo compreender integralmente o mecanismo da violência, e não apenas ajustar-me a um padrão social, porque isso é coisa superficial e completamente desinteressante, Desejo descobrir se a mente pode ficar, de todo, livre da violência, se esse mecanismo pode ser erradicado da minha mente. Isso me interessa deveras, e quero averiguá-lo. Percebo que o mero ajustamento a um padrão diferente, dos desejos, reclamos e influências superficiais, não resolve o problema. O substituir uma estrutura social por outra, o erguer uma sociedade comunista no lugar de uma sociedade capitalista, não nos tornará livres da dominação e da violência. Percebendo isso, quero investigar em mim mesmo, a fim de descobrir qual é a fonte de todos esses extraordinários impulsos, exigências e atividades que geram a animosidade e a violência.

Porque sou violento, dado à competição, ambicioso, ganancioso? Porque existe em mim esta luta constante para ser, “vir a ser”? É bem evidente que estou a fugir de alguma coisa, pelo caminho da ambição, das aquisições, do desejo de alcançar grandes êxitos. Estou com medo de alguma coisa, medo que me está obrigando a essas atividades. O medo é um estado de fuga. Assim, estou procurando saber sobre aquilo de que realmente sinto medo. Não estou por ora considerando a questão do “medo do escuro”, do medo à opinião, ao que outra pessoa diga ou não diga a meu respeito, porque são muito superficiais essas coisas. Estou interessado em descobrir o que é que, fundamentalmente, me está fazendo medroso, me está impelindo a ser ambicioso, competidor, ganancioso, invejoso e criando, assim, animosidade, etc.

Pensai junto comigo, por favor. Em primeiro lugar, parece-me que somos criaturas muito solitárias. Sinto-me muito só, interiormente vazio, e não gosto desse estado, tenho-lhe medo, e portanto o evito, fujo dele. Esse próprio fugir gera medo, e para evitar o medo entrego-me a atividades várias. Existe evidentemente esse vazio, em mim, em vós, do qual a mente está a fugir por meio da ação, da ambição, do desejo de ser alguém, de adquirir mais saber — enfim, pela violência sob todos os seus aspectos. Mas pode a mente abster-se de fugir e olhar de frente o seu vazio, esse extraordinário sentimento de solidão, que é a expressão autêntica do “eu”? — visto que o “eu” é a entidade, a consciência que, quando não está em movimento, é vazia. Compreendeis o que estou explicando? Se não está claro, expô-lo-ei de outra maneira.

Afinal de contas, o “ego”, o “eu”, se expressa na ambição, no desejo de aquisição, na inveja, no ser violento e no lutar para ser não-violento, etc. Tudo isso são expressões do “eu”; e, reconhecendo-as como tais e investigando-as profundamente, vejo também que essas atividades do “eu” resultam justamente do seu extraordinário sentimento de vazio. Não sei se tendes notado que, quando seguimos as pegadas do “eu”, todos os seus movimentos, chegamos ao ponto em que a mente se torna perfeitamente apercebida, do “eu” como entidade completamente vazia; mas a mente, em verdade, não quer ver esse vazio, preferindo voltar-lhe as costas, fugir.

Ora, se sou capaz de compreender o que é esse vazio, então é bem provável que eu possa resolver o problema da violência. Mas, para compreender o que é o vazio, preciso olhá-lo, e não posso olhá-lo se estou fugindo. É justamente a fuga que causa o medo e precipita a ação da inveja, da competição, da crueldade, da inimizade, e tudo o mais. Assim sendo, pode a mente olhar essa coisa, de que está fugindo por meio da ação? Espero que me esteja fazendo claro.

Não tendes consciência de um estado de solidão, de vazio? Não estamos considerando o que deveis fazer a respeito desse estado. Foi esse “que se deve fazer?” que produziu este mundo estúpido e caótico. Estou indagando o que há atrás, do desejo de fazer alguma coisa — o que é dificílimo de descobrir, visto que a mente está sempre evitando esse fator central. Mas se a mente for capaz de ficar apercebida, totalmente, de estar vazia, solitária — o que significa o completo descobrimento das atividades do “eu”, que a levaram àquele estado — vereis que toda ação sem tal compreensão há de precipitar, necessariamente, a violência, sob diferentes formas. O ser-se um mero pacifista, ou ideologista, pró-isto e contra-aquilo, não resolve o problema. O homem que se exercita na não-violência não resolveu de modo nenhum o problema da violência; está meramente a praticar uma ideia, sem ter investigado os fatores fundamentais, de onde se origina toda ação.

Observai, por favor, a vós mesmos, não vos limitando a seguir a minha descrição. Pode a vossa mente estar apercebida daquele vazio, sem fugir dele? É porque vos sentis vazio e só, que necessitais de um companheiro, que quereis depender de alguém, e essa dependência cria a autoridade, que seguis; e a própria circunstância de se estar seguindo uma autoridade, já é um indício de violência. Pode a mente, ao perceber a verdade a esse respeito, deter a sua fuga e olhar a sua própria vacuidade? Compreendeis o que significa “olhar”? Não podeis olhar para aquele vazio se lhe tendes medo, se desejais evitá-lo; só podeis ter conhecimento, pleno dele, quando não há espírito de condenação. Segui com toda a atenção o que estou dizendo. Estou investigando com todo o vagar, propositadamente, porque desejo que seja simultânea a comunhão e a compreensão entre nós.

Estou cônscio de estar só e vazio, e estou, a observar esse vazio; mas não; posso observá-lo se o condeno. A condenação é justamente uma distração, que estorva o observar. Ora, posso observar o vazio, tomar conhecimento dele, sem lhe dar um nome? Compreendeis? E, quando não lhe dou nome, o observador é então diferente do vazio a que está observando? É só quando o observador lhe dá nome, que ocorre a separação, não é verdade? Compreendeis? Ainda não?! Vou simplificá-lo mais ainda.

Quando digo “estou irritado”, estou dando nome a uma certa sensação ou reação, e esta própria, circunstância cria uma dualidade, não achais? Mas, se não dou nome à sensação, então essa coisa sou eu mesmo. Entendeis? Vede: dou nome a um sentimento porque minha mente está exercitada em reconhecer, em rotular; mas se a mente não põe rótulo em coisa alguma, desaparece então a separação entre o observador e a coisa observada. Por outras palavras, quando não se dá nome a uma coisa, só há um único estado, e nesse estado não existe entidade separada, para fazer algo a respeito dessa coisa. A mente — que é violenta, por natureza — já não está operando com relação a uma coisa que deseja compreender, e por conseguinte a sua atividade cessa.

Vede por favor que isto não é uma asserção intelectual. Não digais que é “alto demais”, abstrato demais, ou que é absurdo, etc. Estou investigando, passo a passo, a anatomia da violência. Nossa estrutura social está baseada na violência, não só a violência entre as nações, pois individualmente estamos em guerra uns com os outros, competindo e praticando crueldades. Ora, se desejo compreender o problema inteiro, cumpre-me compreender as atividades da mente em relação a essa coisa a que chamo “vazio”; e no momento em que surge a compreensão, não mais desejo ser coisa alguma. Entendeis? É o desejo de ser algo que gera a inimizade e a violência. O idealista que deseja criar uma Utopia perfeita é, por natureza, violento. O homem que está praticando a não-violência é um ente humano violento, porque, em verdade, não compreendeu o problema; está atendendo a ele superficialmente.

Vejo, pois, que enquanto a mente está operando em termos de ambição ou não-ambição, ela cria necessariamente o caos, e lutas, e sofrimentos, para si própria e para outros, E se, aprofundando mais o problema, a mente compreende todo o mecanismo relativo a esse impulso para ser alguma coisa, então, inevitavelmente, ela chegará ao ponto em que perceberá que está a procurar um meio de fugir ao “ser nada”, que é um estado de vazio. E posso compreender esse vazio? Pode a mente penetrá-lo, prová-lo, senti-lo? Por certo, a mente não poderá compreender essa coisa extraordinária que chamamos “vazio”, “solidão”, enquanto estiver, de alguma maneira, a condenar, enquanto desejar rejeitá-lo, dominá-lo ou ultrapassá-lo. A mente rejeitará sempre esse estado, enquanto estiver a dar-lhe nome; e o reconhecer, o dar nome, é justamente o “mecanismo” peculiar da mente. Afinal, não podeis pensar sem símbolos, sem ideias, sem palavras. E pode a mente deixar de “verbalizar”? Pode acabar com esse mecanismo e considerar aquilo a que chamava “vazio”, sem lhe dar nome ou criar um símbolo tirado da imaginação? E quando deixa de verbalizar, o estado a que chamava “vazio” é então diferente dela própria? Não é, por certo. O que há então é só um estado, em que não há verbalização, não há dar nome, e por conseguinte em que terminou aquela atividade da mente, que separa, que compete, que gera antagonismo. Nesse estado se verifica um movimento completamente diferente. Não há mais violência. Há uma delicadeza, que não pode ser compreendida pela mente que diz “tenho de ser delicado”. A volição cessou, de todo — porque a vontade é também produto da violência.

Krishnamurti, 27 de agosto de 1955
Realização sem esforço
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill