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quinta-feira, 5 de abril de 2018

O estado mental onde o “eu” está ausente de todo


O estado mental onde o “eu” está ausente de todo

PERGUNTA: O que dizeis parece muito exótico e oriental. Um ensino como o vosso é aplicável à nossa civilização ocidental, que se baseia na eficiência e no progresso, e que está melhorando as condições de vida no mundo inteiro?

KRISHNAMURTI: Achais que o pensamento é oriental ou ocidental? Os costumes podem variar. Eu como com as mãos, na Índia, na China comem com dois pauzinhos, e aqui comeis de modo diferente. Em que difere o pensamento oriental do pensamento ocidental? Existe alguma diferença? Se eu tivesse nascido na América e dissesse as mesmas coisas que estou dizendo agora, di-lo-íeis oriental? Poderíeis, talvez, chamá-lo místico, impraticável, ou excêntrico. Mas os problemas são os mesmos, seja na Índia, seja no Japão, seja aqui. Nós somos entes humanos, e não asiáticos e americanos, russos e alemães, comunistas e capitalistas. Todos temos os mesmos problemas humanos.

Pois bem. O que estou dizendo é, sem dúvida, tão aplicável aqui, como na Índia. A violência é um problema tanto vosso como da Índia. O problema das relações, do amor, da beleza, o problema de criar um estado mental em que haja paz, de criar uma sociedade que não seja destrutiva de si própria, bem como de outras — tudo isso, evidentemente, interessa a cada um de nós, quer vivamos no Oriente, quer no Ocidente. Tendes aqui o problema da organização de um exército, que é um índice da deterioração de uma sociedade, porquanto as próprias bases de um exército são a autoridade, o nacionalismo, o desejo de segurança; e há exatamente o mesmo problema na Índia, no Japão, na Ásia toda. Assim sendo, esta arbitrária divisão do pensamento em “oriental” e “ocidental” não existe para o homem que está investigando realmente. O homem que está condicionado por uma maneira de ver ou filosofia oriental, e vos diz como viver de acordo com esse condicionamento, esse homem, sem dúvida, está dividindo o pensamento em oriental e ocidental. Mas, nós estamos falando de coisa inteiramente diversa, ou seja, do libertar a mente de todo e qualquer condicionamento, e não, do moldá-la de acordo com uma filosofia oriental, o que é muito infantil.

O que estamos tentando fazer é investigar juntos a extraordinária complexidade das nossas vidas, para descobrir se podemos considerar esses complexos problemas com toda a simplicidade; mas não se pode considerar esses problemas, com simplicidade, a menos que compreendamos a nós mesmos. O “eu” é uma entidade extraordinariamente complexa, com uma infinidade de desejos contraditórios. Vivemos numa guerra perene dentro em nós mesmos, e esse conflito interior se precipita em atividades exteriores. Compreender o “eu”, tanto consciente como inconsciente, é uma tarefa enorme, e ele só pode ser compreendido dia por dia, momento por momento. Ele é um livro sem fim e, por conseguinte, não é uma coisa que se pode concluir um dia.

Nessas condições, se se puder escutar o que se está dizendo, não na qualidade de americano, europeu ou oriental, mas como um ente humano diretamente interessado nestes problemas, então, todos juntos, haveremos de criar um mundo diferente; seremos então verdadeiros entes religiosos. Religião é a busca da Verdade, e para o homem religioso não há nacionalidade, nem pátria, nem filosofia particular; esse homem não segue ninguém, e por conseguinte é um verdadeiro revolucionário, no sentido mais profundo da palavra.

PERGUNTA: A placidez que experimentamos, em várias formas de expressão própria, é uma ilusão, ou esse sentimento de preenchimento está relacionado com o estado criador de que falais?

KRISHNAMURTI: Existe tal coisa — preenchimento pessoal? Aceitamos a suposição de que ela existe, não é verdade? Se sou artista, acho que devo preencher-me; se sois escritor, quereis preencher-vos. Todos estamos lutando para nos preenchermos, de diferentes maneiras — por meio da família, dos filhos, do marido, da mulher, das posses, das ideias. Se sois ambicioso, quereis preencher a vossa ambição, porque, do contrário, vos sentireis frustrado, e na frustração há sempre sofrimento. Todos nós estamos esforçando por preencher-nos, mas nunca perguntamos se realmente existe preenchimento. Sem dú­vida, o homem que está a buscar o preenchimento vive atormentado pela frustração. Isso é bem compreensível, não achais? Se estou sempre a tentar preencher-me, por meio de meu filho, minha mulher, de uma ideia, de atividades, está sempre a perseguir-me a sombra da frustração e do medo. Assim, se desejo compreender o medo, a frustração, a agonia das complicações psicossomáticas, e tudo o mais, preciso examinar de maneira completa essa ideia da possibilidade de preencher-me, porque nela está presente do “eu”, com seu desejo de “vir a ser” alguma coisa. Não é bem provável que o “eu” seja uma ilusão, ainda que seja uma realidade como entidade operante? Para o homem ambicioso, competidor, ganancioso, invejoso, o “eu” não é ilusório, mas uma coisa muito real. Mas para o homem que se põe a investigar a fundo este problema, que deseja realmente compreender o que é a Paz — não a paz pelo terror, a paz dos políticos, não a placidez da vaidade satisfeita, resultante da realização de nossas ambições, mas aquela paz em que não existem rivalidades, em que não existe luta para se ser alguma coisa — a esse homem vem a experiência do “ser absolutamente nada”, que é um estado criador atemporal. O que chamamos ação criadora é um processo que consiste em aprender uma técnica e expressá-la; mas eu falo de coisa muito diversa — da mente de onde o “eu” está ausente de todo.

Krishnamurti, 27 de agosto de 1955
Realização sem esforço
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill