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quinta-feira, 5 de abril de 2018

Só e mente religiosa é revolucionariamente criadora


Só e mente religiosa é 
revolucionariamente criadora

PERGUNTA: Desejo que meu filho seja livre. A verdadeira liberdade é incompatível com a lealdade à tradição inglesa de vida e de educação?

KRISHNAMURTI: Isto é o que se diz na Índia também: posso ser hindu, leal à minha pátria, e ao mesmo tempo estar livre para achar Deus? Posso ser hinduísta, budista ou cristão, e ao mesmo tempo ser livre? É possível isto? Eu posso ter um passaporte, um pedaço de papel, para viajar; mas isso não me faz necessariamente hindu. A liberdade, por certo, é de todo incompatível com qualquer nacionalidade, qualquer tradição. Há o estilo de vida americano, o estilo de vida inglês, o estilo de vida russo, e o estilo de vida hindu. Cada um diz "Nosso estilo de vida é o único que convém", apegando-se tenazmente a esse estilo. E, no entanto, todos falamos de liberdade e de paz. Acho que tudo isso tem de desaparecer, se desejamos criar um mundo diferente, um mundo que seja nosso, um mundo sem comunismo, socialismo, capitalismo, hinduísmo ou cristianismo. A Terra é o nosso mundo, onde devemos viver, não divididos: viver felizes, livres. Mas não poderá ser nosso o mundo enquanto existirem ingleses, hindus, alemães, comunistas etc.; dessa maneira, nunca seremos livres.

Só poderá surgir a liberdade quando formos verdadeiramente religiosos, quando cada um de nós for realmente um indivíduo, no exato sentido da palavra. Quando formos religiosamente livres, poderemos então criar um mundo que será nosso e, por conseguinte, dar aos jovens uma educação diferente, e não meramente condicioná-los segundo uma determinada cultura, encaixá-los num determinado sistema, educá-los para serem comunistas, ateístas, católicos, protestantes ou hinduístas; tais indivíduos não são livres, e por conseguinte não são verdadeiramente religiosos: estão simplesmente condicionados; e são causadores de tanta miséria! Está visto pois que, se desejamos criar um mundo totalmente diferente, faz-se necessária uma revolução religiosa que não seja retrocesso a certa crença, nem avanço para certa realização, mas a libertação de todas as tradições, dogmas, símbolos, crenças, a fim de que cada um seja um verdadeiro indivíduo, livre para descobrir, para investigar o imensurável.

PERGUNTA: A mente ocidental é exercitada para a contemplação do objeto; a mente oriental para a meditação sobre o sujeito. A primeira conduz à ação, a outra à inação. Só pela integração dessas duas direções do percebimento, no indivíduo, poderá surgir uma compreensão total da vida. Qual a chave dessa integração?

KRISHNAMURTI: Porque separamos um ente humano, dizendo-o do Ocidente ou do Oriente? Não há uma maneira toda diferente de se considerar este problema, a qual não consista em mera tentativa de integrar a ação com a meditação? Considero tal integração uma impossibilidade. Talvez haja uma maneira diferente de nos abeirarmos deste problema, em lugar dessa tentativa de integrar a ação com um estado de espírito desprendido, que só observa, contempla. Dividimos a vida em ação e inação, e agora buscamos a integração. Mas, se não nos dividirmos a nenhum respeito, se pudermos eliminar do nosso pensar essa ideia de Oriente em oposição à de Ocidente, para considerarmos o problema de modo diverso, então, buscando a realidade, a mente se torna criadora, e, no percebimento mesmo daquilo que é real, há ação, que é contemplação; não há divisão alguma. Para a mentalidade ocidental, o Oriente, com seu misticismo, seus absurdos, é estranho. No Ocidente, devido ao clima frio, às várias formas de revolução industrial etc., o indivíduo tem de ser ativo, e tratar de ter muitas roupas. No Oriente, onde o clima é cálido e se necessita de muito pouca roupa, o indivíduo tem tempo, lazeres; e, lá, há também a velha tradição de que se tem de renunciar à sociedade para se achar o real.

Aqui viveis completamente interessados em reformas, melhores condições, uma vida melhor. Como podem integrar-se estas duas mentalidades? As duas maneiras de proceder podem ser falsas, e têm de sê-lo, sem dúvida, quando se dá exagerada importância a uma e se despreza a outra. Mas, se tentarmos achar a realidade, sem a buscarmos como um grupo de cristãos, mas como indivíduos independentes de qualquer autoridade, então essa própria busca é criadora, e essa capacidade criadora produz sua ação própria. Se não buscarmos essa liberdade religiosa, todas as reformas só poderão levar-nos a piores infortúnios, como se está vendo em toda parte. Pode-se ter paz pelo terror; mas haverá guerras interiores de todos contra todos, competição, crueldade, a busca do poder, pelo grupo ou pelo indivíduo. Só os que são religiosos, no sentido mais profundo desta palavra, os que se emanciparam de toda e qualquer autoridade espiritual, que não pertencem a nenhuma igreja, nenhum grupo, não se deixaram identificar com nenhuma doutrina particular, que estão perenemente buscando, indagando, sem nunca acumularem experiência alguma, só esses indivíduos são verdadeiramente criadores. Sua mente é a única mente religiosa e, portanto, revolucionária; e ela atuará sem se separar como mente contemplativa ou mente ativa, porque tal indivíduo é um ente completo, total.

Krishnamurti, Terceira Conferência em Londres, 19 de junho de 1955

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill