Pergunta: haveis falado ontem de uma sequência de cavalos de confiança
para chegar ao fim da viagem. Porém, este exemplo não nos conduzirá novamente à
teoria dos gurus, dos passos sobre o caminho, da Iniciação e assim por diante,
e da necessidade destas coisas em certos estágios?
Krishnamurti: A partir do
momento que disse isso, já sabia que não ia ser compreendido. Para mim não
existe instrutor nem outro guru que
não a vida — não a vida personificada em um, porém a vida nos muitos. E isto é
muito claro. A vida está em todas as coisas, desde a pedra da estrada, coberta
de poeira até o homem mais escrupulosamente asseado e civilizado. Porém, na
vasta escala que entre ambas as coisas se encontra há muitas expressões da
vida; é pela observação, pelo vosso próprio esforço, para assimilar e
compreender toda a experiência, com este entendimento em vosso coração, que
sereis unos com o ritmo da vida. Sei que quereis vos apegar a muitas coisas. O
apegar-se surge do desejo de viver sem esforço, porque o esforço representa
tristeza e luta e existem muito poucas pessoas que desejam fazer esse esforço;
enquanto que muitos há que desejam viver na estagnação que é proveniente do
desejo de serem ensinados, de serem dirigidos, de serem dominados. Isto não é
mais que uma outra ilusão; não é a maneira de descobrir essa verdade que é
vida, dessa felicidade que é perdurável.
Krishnamurti em Acampamento da estrela de Ommen, 6 de agosto de 1930
(Campfire)