Pergunta: Compreendo os vossos dizeres de que o homem que atingiu a
meta se encontra perpetuamente agindo a partir do ponto de equilíbrio da razão
e do amor, o qual é isento de esforço. Isto é, pura ação. Os indivíduos que ainda não atingiram, reagem a esta
impulsão, cada um de acordo com o seu grau de entendimento. Não determinará
esta reação as condições e circunstâncias dos seres iluminados que tem corpo na
existência? Na verdade, não determina isto a sua própria corporificação? Se a pura ação não produzisse reação por
indução, cessaria a existência física de ter lugar? Não se encontra a existência
física baseada na ação e na reação? Por outras palavras, é a personalidade
física do homem liberto perceptível apenas para aquele que reage; ao passo que
quando este por sua vez age puramente, não terão os dois, havendo descoberto o “Ego”,
em quem não existe separação, dualidade ou limitação transcendido o físico?
Neste ponto, que é que o indivíduo iluminado pode perceber? Aperceber-se-á ele
de duas corporificações separadas, cada uma das quais houvesse atingido e sob
cuja pura ação ele reagisse? Se
estas duas coisas fossem ambas perceptíveis para a consciência reacionante como
duplicidade, como é que elas aparecem uma à outra?
Krishnamurti: Esta
pergunta na qual existem tantas perguntas, é formulada a partir do ponto de
vista da reação. Ora, eu estou falando da ação como coisa que se externa, a
qual, para mim, é ação pura, ao passo que a reação se volta para o interior.
Ora, esta pura ação e a resultante
do perfeito equilíbrio da razão e do amor; e esta harmonia conduz à intuição, à
finalidade do pensamento e à meta do sentimento. Assim, o homem que age
puramente, age sempre a partir deste equilíbrio, sem olhar as circunstâncias,
ao ambiente e às relações especiais. Porém, a reação depende destas coisas e
volve para o interior. Não existe sentimento de separatividade na pura ação.
Krishnamurti em Reunião de Verão, 24 de julho de 1930