Pergunta: Sendo a vida individual uma coisa tão triste, não seria um
ato de bondade propagar tão intensamente quanto possível o conhecimento de
restrição dos nascimentos impedindo assim o nascimento de maior número de
indivíduos?
Krishnamurti: Duvido que
esta pergunta seja feita com total honestidade. Não se trata de outros indivíduos
— vós é que estais aqui. Sempre vos estais referindo a outrem, com o desejo de
salvar a outrem. Esta pergunta é ridícula, pois que sempre há de haver
indivíduos. Pode haver mais ou menos, pelo uso do controle de nascimentos,
porém sempre os haverá. Não é uma questão de quantidade, de muitos ou de
poucos, porém sim, do uso em que está todo o universo.
Se empreenderdes a existência
individual, não se tratará mais de uma questão de tristeza ou de prazer. Tanto
a tristeza como o prazer constituem igualmente o solo onde o indivíduo tem de
crescer. Quando compreenderdes isto, não mais aborrecereis a tristeza, abrindo
as portas ao prazer, não fugireis da tristeza buscando o gozo, porém tereis a
ambos na mesma conta impessoal. Encarais todas as coisas de um ponto de vista
pessoal, do ponto de vista do indivíduo, do ponto de vista separatista; e
enquanto existir este ponto de vista, sempre existirá a tristeza, pois que
estareis conscientes da separatividade, da limitação.
Krishnamurti em Acampamento da estrela de Ommen, 31 de julho de 1930