Quem te pode dizer se teu coração é limpo?
Quem te pode dizer se tua mente é pura?
Quem pode dar a satisfação ao teu desejo?
Quem te pode curar da calcinante dor da saciedade?
Terá que te ser dado o entendimento
Ou mostrado o caminho para o amor?
Escaparás ao temor do que os homens chamam morte?
Poderás libertar-te da dor da solidão
Ou escapar ao pranto da ansiedade?
Poder-te-ás esconder sob o riso da música
Ou perder-te em festivos regozijos?
A sabedoria nascerá do entendimento,
Ela emite sua voz
No deserto da inteira confusão.
Um homem viu as sombras a dançar
E foi buscar a causa de tanta beleza.
Pode a Vida morrer?
Olha dentro dos olhos do teu próximo.
O vale se esconde na treva nevoenta
Mas o tope da montanha está sereno
Em seu pasmo para os céus abertos.
Às margens de um santo rio
Repete um peregrino, cem cessar, um canto,
E enclausurado em frio templo,
Ajoelhado, um homem, perde-se em devoto murmurar.
Mas vede, sob a pesada poeira do verão,
Está a folha verde.
Mas quem te irá chamar em teu presídio?
Ou rasgar a venda que te tapa os olhos?
Tardo, um atalho sobe a vertente da montanha,
Mas quem te levará como a um fardo?
Vi um coxo que vinha em direção a mim;
Verti lágrimas de uma dolente lembrança,
À distância, bem longe,
Uma estrela isolada segura-se nos céus.
Krishnamurti