Pergunta: Falais de destruir o muro de separação que existe entre a
consciência individual e o puro ser
que o indivíduo se acha em vias de realizar. Significará isto que, quando a
totalidade é realizada, o indivíduo, como unidade de consciência na totalidade,
cessa de recordar seus esforços para alcançar esta meta, assim como os seres
amados de sua existência separada?
Krishnamurti: Certamente
esta pergunta acha-se formulada, se me é dado declará-lo, de maneira errada.
Mais uma vez contemplais aqui que é a totalidade, sob um ponto de vista
individual. Quando vos tornardes a totalidade, todas as coisas passam a existir
em vós — os vivos como os mortos. Não se trata mais de separação. A questão da
separação surge somente quando vós, como indivíduo, vos encontrais
autoconscientes, vos achais em limitação. Quando estiverdes em união com a Vida,
não mais se tratará de nascimento e morte, de separação, de dor, de esforço —
sereis todas as coisas, ter-vos-eis tornado essa totalidade. Estas perguntas
surgem pelo fato de contemplardes a vida por meio de uma mente que é finita,
sempre do ponto de vista pessoal, com o desejo de vos apegardes à separatividade,
temerosos de perderdes aqueles a quem amais; ao passo que, se contemplardes o
amor como sendo a própria eternidade, sem olhar às pessoas, então, neste, todas
as pessoas estarão integradas. O Amor a tudo integra, não conhece
separação.
Krishnamurti em Acampamento da estrela de Ommen, 1 de agosto de 1930