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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Equilíbrio é impessoalidade de pensamento e emoção


É geralmente nosso hábito, aqui, ascender uma fogueira à tarde, sem que este ato possua qualquer significado particular. Pediria àqueles que vêm do exterior, não o encararem como sendo parte de algum rito especial. O fogo acende-se por ser um objeto agradável à vista — e não tem outro objetivo — e depois que eu houver falado, sentar-nos-emos em redor do fogo, tranquilamente, por alguns momentos. Após um dia de pensar árduo, é belo sentar-se um instante a contemplar — pois a contemplação nada mais é do que o pensar tranquilo, isento de esforço, ao passo que a meditação é o pensamento ativo e concentrado. A contemplação é a operação do pensar sem o menor esforço. Portanto, se tendes a inclinação a isso, após haver eu falado, talvez seja do vosso agrado o vos sentardes quietos, tranquila e repousadamente, por alguns minutos.

O que vou dizer é aplicável a todos, quer vivais no Oriente quer no Ocidente — pois Oriente e Ocidente, leste e Oeste mais não são do que divisões da mente para atender as conveniências — a limites geográficos inventados pelo homem no sentido de estabelecer distinções. O pensamento transcende essas fronteiras, viaja através delas. Se cuidadosamente examinardes os fatos, haveis de verificar que, quer se viva no Oriente quer no Ocidente, o que importa é a maneira de nos conduzirmos, o modo como nos comportamos, a nossa integridade. Portanto, não encareis o que eu digo como proveniente do oriente — como sendo somente aplicável ao oriente e não ao Ocidente.

A partir do meu ponto de vista, a vida, seja no Oriente seja aqui no Ocidente, por entre o tumultuar do maquinário, o burburinho e as diversões, é fundamentalmente a mesma; os mesmos desejos enchem os corações e as mentes do povo, tanto no Oriente como no Ocidente. Quando compreenderdes esses desejos e os transcenderdes, quando encontrardes unidade em todo o desejo, entendereis as expressões humanas dos desejos, sejam elas quais forem.

Todos, no presente momento, se esforçam para solver os problemas da vida pela ação. Por exemplo, estão se esforçando por compreender a vida através da arte. Viver é a maior das artes e cada qual está se esforçando por encontrar o modo de viver com o mais perfeito equilíbrio — o equilíbrio da naturalidade, da razão que é a essência da experiência, do amor que é impessoal. Sempre que o entendimento  vos morar no coração, podeis atuar em ritmo com a vida. Portanto, a compreensão é o escopo principal desta vida confusa — a compreensão produzida pelo contínuo discernimento das ações de todos os dias; pois nessas ações poderemos, ou tornar-nos prisioneiros, ou nos libertar a nós mesmos por intermédio delas. Portanto, temos que verificar porque maneira, qual o padrão segundo o qual havemos de julgar as nossas ações, de modo que na vida diária, o ritmo, o entendimento, o perfeito equilíbrio da mente e do coração possam vir a produzir-se.

Quando não existir esse equilíbrio, o qual é guia continuo, dar-se-á a atração por divertimentos, a atração pelo tumulto, a atração pela opinião pública, por aquilo que é dito da parte de outrem; ao passo que, por meio do nosso próprio julgamento, decorrente do contínuo discernimento do pensamento e do sentimento; pelo exame contínuo e pela contínua análise deles, de modo a torna-los cada vez mais impessoais, pode-se chegar a estabelecer a perfeição. Uma vez que esta perfeição haja sido estabelecida, a continuidade do julgamento equilibrado existirá também. A imortalidade é impessoal; ela nada tem que ver com os nossos desejos pessoais, com os nossos gostos e desgostos; porém, mediante o passar por essas reações de gostos e desgostos, de inveja, de ciúme, etc., chega-se a esse estado em que o pensamento e o afeto são absolutamente impessoais e, por isso, imortais. Esta é a verdadeira imortalidade e nela reside a eternidade. A finalidade da luta individual é a de levar a esse perfeito equilíbrio, a esse ritmo perfeito e ao viver nesse equilíbrio, nesse ritmo a todo o instante do dia. Isto é felicidade verdadeira, pois que nesta não existe a reação do gosto e desgosto.

Quando continuamente vos estiverdes ajustando a vós mesmos, tendo em vista essa perfeição do ser, então as trivialidades, os aborrecimentos, as complexidades da vida diária, em pouco tempo se dissiparão pelo fato de as haverdes transcendido. Podem elas existir ao redor de vós, existem efetivamente, porém o homem que houver obtido esse perfeito equilíbrio dentro de si próprio, encontrou a essa realidade que é eterna, que está para além do tempo e do espaço; e por isso torna-se ele imortal. A felicidade que não pertence a pessoa alguma é a felicidade verdadeira; ela é a origem de todas as coisas, de todo o pensamento e emoção. Quando isto houverdes percebido, alcançareis uma espontaneidade de ação que  a si própria se traduz em conduta, e é somente por  meio da conduta que eventualmente podeis chegar à realização pura, da imperturbada felicidade.

Por entre o turbilhão e o tumulto deste mundo mecanizado da civilização moderna, podeis, ou tornar-vos um dente da engrenagem dessa máquina e acrescentar o assombroso peso da existência, ou mediante o vosso próprio esforço individual romper com a humanidade padronizada e estabelecer por vós mesmos um padrão diferente de pensamento, um padrão diverso de afeto. As civilizações desenvolvem-se e decaem; mas o homem que possui a capacidade para semear a semente por entre este crescimento e esta decadência, cria um mundo novo de pensamento, um mundo novo de ação, um novo mundo de conduta. Porém, o semear da semente de uma nova ordem de coisas depende do individuo que possui a compreensão dentro de seu coração e que vive conforme esse entendimento em atos, obedecendo o ritmo desse entendimento perfeito a todo o instante do dia. Um tal homem torna-se, então, um padrão de pensamento, um padrão de emoção; e, pelo contínuo esforço, o mundo que o cerca transformar-se, ajusta-se e é levado a essa ordem perfeita na qual não existe exploração, em que o homem será humano e não mais sub-humano; onde não mais experimenta cobiça pelas posses, onde não é mais invejoso, cruel e brutal. Esta ordem, harmonia e equilíbrio, dependem do homem que possui em seu coração o entendimento da finalidade da existência, do propósito da luta e do contínuo ajustamento. Este equilíbrio é produzido pelo fato de ser tornarem impessoais o pensamento e a emoção. A emoção deve ser desapegada, porém não indiferente; o pensamento necessita ser impessoal, porém não descuidado. Quando existir este equilíbrio perfeito, então as reações de outrem não mais afetarão a mente ou o coração, pelo fato de estardes a todo o momento, em vós mesmos, vivendo nessa pureza de pensamento e de emoção de que tenho falado. Um tal homem será verdadeiramente feliz; um tal homem pode dar, de seu coração e de sua mente, aos outros dessa eternidade na qual ele próprio mora.


Krishnamurti em Acampamento da estrela de Ommen, 3 de agosto de 1930 (Camp Fire)
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill