Pergunta: São as experiências próprias, mesmo as de ordem elevada, tais
como a clarividência e a clariaudiência, necessárias, antes que o puro ser possa vir a realizar-se?
Krishnamurti: Certamente
que não. Por favor, compreendei que, pelo fato de enxergardes algo de invisível
havido para isto desenvolvido uma capacidade especial, não vos tornareis um ser humano perfeitamente diferente. Não vos
edificareis pelo fato de enxergardes a minha aura. Por colocardes nos olhos
vidros coloridos, coisas que podeis bem fazer, não chegareis a alterar aquilo
que estiverdes vendo. Mais uma vez, dais importância à coisa que é errônea.
Quereis verificar, não aquilo que causa o sofrimento, não o caminho da vida e a
maneira de livrar-se das limitações, mas sim analisar a manifestação da vida em
diferentes planos. Podeis chegar à mais alta forma de manifestação, porém será
a mesma coisa em um grau mais sutil. Podem ser clarividentes ou clariaudientes;
se, porém não existir em vós esse espírito de pensamento, de amor que tudo
abrange, delicado equilíbrio entre ambos, que valor terá a vossa capacidade de
ver algo de invisível? Isso nada vale no que se refere ao propósito.
Krishnamurti em Acampamento da
estrela de Ommen, 31 de julho de 1930