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domingo, 3 de julho de 2016

É preciso coragem para atingir a liberdade

Durante os meses passados, a partir do Acampamento de Ommen, Krishnamurti com a sua nota fundamental de “Não Compactuar”, muitos devem haver andado empenhados numa busca em seus próprios corações, com intensidade apaixonada, afim de descobrirem até que ponto compactuam ainda com as coisas não-essenciais. A maioria das pessoas tem vivido a parte mais considerável das suas vidas dependendo das coisas exteriores para seu conforto, sua felicidade, sua força, sem conscientemente reconhecerem essa dependência. Toda a sua vida têm sido prisioneiros da tradição, do costume, de crenças de toda espécie, de amigos e parentes, e, à primeira vista, a perspectiva de se desembaraçarem de todas essas coisas, os apavora.

O inválido infante depende de seus pais e, à medida que cresce, esta dependência se estende a um círculo mais amplo. À criança ensina-se a cultuar um deus fora dela própria, um conjunto integral de teorias e crenças lhe é apresentado como sendo verdades e lhe são impostas mediante estímulo da recompensa e o temor da punição. A criança é cercada, encerrada pelas tradições, costumes e pontos de vista de sua família, de sua raça, de sua nação. Ela aprende a depender, para seus regozijos, de coisas que estão fora de si mesma; aprende a depender, para a sua felicidade, do amor pessoal com todos os seus acompanhamentos de ciúme, dor, perda. Sua conduta é regulada por códigos de moral estabelecidos em idades passadas.

Entre as pessoas do mundo, há algumas que se revoltam contra as restrições que as rodeiam, porém a sua revolta, por não ser inteligente, só leva a sofrimento maior, a uma servidão mais estrita. Conseguem romper com um dado conjunto de crenças ou com todas as crenças, somente para se tornarem ainda mais escravizados pelas suas paixões.

E agora — lhes é dito que a libertação de todos os entraves, de todas as gaiolas, é possível, e que essa felicidade verdadeira e durável somente se encontra na liberdade. Aprendem, ao demais, que todas as cordas que os prendem são obras deles próprios e que ninguém os pode libertar senão eles mesmos. Nem preces, nem cultos, nem códigos de moral, nem convenções sociais, nem amores, nem lealdades pessoais podem jamais afrouxar as amarras que o homem tem atado em redor de seus membros. Ele próprio tem que se libertar recusando-se a estar ligado por mais tempo. Porém, somente quando o homem começa a buscar a liberdade com todo o seu coração é que percebe que tem crescido para amar suas amarras. Que angústias tem os homens suportado no libertarem-se das loucuras e superstições da religião, dos deuses por eles próprios criados e dos seus mediadores! No entanto, quando essa liberdade é conquistada, que experiência gloriosa! Reconhecer que tendes o poder de criar deus à vossa própria imagem é mais arrebatador do que adorar num santuário. Pois que, então, cada dia podeis recriar a vós próprios.

Para os homens que tem crescido dentro da estreita concepção de patriotismo — “minha terra, boa ou má” — ou nas estreitas tradições de uma classe, romper com essas limitações e desenvolver uma consciência mais ampla que inclua todas as raças, classes, nações, parece uma traição de classe ou país, e o homem que atravessa esses estreitos limites é encarado como um traidor pelos de sua casta ou pelos seus conterrâneos. Porém, para ele, existe uma nova consciência da vida, pois que vive nos muitos em vez de o fazer nos poucos.

Porém, mais árduo que tudo é para os homens o desapegarem-se de seus afetos. Para aqueles para quem o amor pessoal é a coisa mais importante do mundo, a ideia do amor que nada pede, que não depende do objeto amado, que não é exclusivo, porém inclusivo, não parece senão uma nova espécie de indiferença. Para a maioria das pessoas o ciúme é uma prova de amor e não reconhecem como tal um amor que seja sereno e inabalável sob todas as circunstâncias. A maioria das pessoas desejam ser amadas com exclusividade e um amor partilhado, para elas nada vale. Paixão, zelos, exclusividade, temor da perda, são os entraves mediante os quais os homens tem feito do amor uma prisão. Somente escapando a estas coisas pode o amor recriar sua plena beleza. O amor universal transcende o particular como o topo da montanha transcende o vale.

Registram-se casos de homens que passaram a maior parte de suas vidas na prisão e que, quando finalmente se defrontam com a liberdade acharam-na cheia de terrores e voltaram com alívio para o ambiente familiar das paredes da prisão. O cativeiro traz o temor da liberdade. Os cativos de mente e alma atemorizam-se também dos espaços abetos e do ar fresco que decorre do pensamento e da vida livres. Atemorizam-se de expandir suas asas e de se arrojarem para o ar fresco da manhã. Dão um passo para a liberdade e recuam novamente para o seguro e confortável abrigo das coisas familiares.

É preciso coragem para atingir a liberdade, coragem para acabar com a transigência e debilidade da dependência do auxílio exterior. É preciso ter coragem para defrontar a solidão aparente da águia no seu voo. Quando olhamos para fora, através das grades de nossa prisão, o mundo da libertação parece-nos um reino estranho e não familiar. O homem, porém, que houver tido a coragem de despedaçar as barras e derrubar as paredes que o rodeiam, encontra-se num mundo tão glorioso, tão vasto, tão cheio de radiação, que se admira de haver estado satisfeito de haver permanecido prisioneiro durante tanto tempo. E chama por aqueles que se acham ainda aprisionados por detrás das grades de sua própria criação, para que venham para a liberdade, afim de saborearem dessa felicidade que o cativo jamais pode conhecer. A escolha pertence-vos — permanecerdes cativos, arrastando vossas cadeias, enfeitando as grades, sob a pretensão de que permanecemos prisioneiros para o auxílio de nossos semelhantes, também prisioneiros; ou, despedaçar todas as barreiras e experimentar nossa força na liberdade. 

Boletim Internacional da Estrela, nº 4, dezembro de 1929
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill