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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Não desperdiceis energia em coisas que não tem importância


Amigos: Sinto-me satisfeito por todos nos acharmos reunidos novamente, mas lamento o tempo pouco agradável que temos tido este ano. Espero que no decorrer da semana o tempo se torne mais favorável. Esta noite não haverá fogueira no Acampamento. Vejo certo desapontamento em vossos semblantes, mas é bom que coisa alguma se torne hábito regular. É preciso que haja mudança, mesmo quanto aos Acampamentos.

Depois do próximo ano deixará de haver Acampamento aqui, durante dois anos seguidos ou talvez três. Após o Acampamento do próximo ano, irei à Índia e ali permanecerei um ano inteiro. Depois, irei à América e lá ficarei também outro ano, aqui voltando em 1933. Bom é variar hábitos, mesmo no que diz respeito a Acampamentos.

Muitas pessoas, insatisfeitas e descontentes com sua atual posição, tanto mental como emocional, aqui vêm regularmente ano após ano, na esperança de nestas reuniões chegar a alguma conclusão definida, que possam utilizar como princípio orientador de sua vida diária. Vindes em busca de algo duradouro, de modo que vosso sentimento, tristeza e dor, vos reste uma verdade viva que vos sirva de guia e exerça sobre vós uma influência enobrecedora. Quando vós mesmos houverdes, por vosso próprio esforço, descoberto tal verdade, esse princípio será contínuo, duradouro.

Viestes, pois, para verificar por meio da critica, se aquilo que eu digo resistirá ao vendaval do tempo e da dúvida. Se considerardes o primeiro ano de vossa presença aqui, recordareis como gradualmente foram dissipados, muitos de vossos enganos, muitas ideias cheias de fantasias, e isto em razão de vossas contínuas perguntas acerca de coisas a que dáveis muita importância. No ano seguinte, as mesmas ideias fantasiosas, de novo se haviam firmado em vossas mentes e corações e novamente tivestes que passar por todo o processo de indagação e dúvida até que, mais e mais vos fostes libertando da cega confiança na autoridade à medida que os anos decorriam. Este ano desejo que, se assim quiserdes, considereis o que vos digo com seriedade, pois é desperdício de tempo passar ano após ano pelo mesmo processo. No primeiro ano, como já disse, trazeis convosco as mais extraordinárias ideias sobre a espiritualidade, sobre estágios na consciência, quer eu ou outra pessoa estivesse falando, assim como todas essas especulações infantis a que nos lançamos quando defrontamos algo de sério que desejamos evitar. A princípio houve muitos no mundo que se filiaram a uma organização na ilusão de que, formando uma sociedade, seriam capazes individualmente de maior compreensão que os demais. Quando, no ano passado, essa organização (a Ordem Estrela) foi dissolvida, destruiu-se esta ilusão.

Assim, todos os anos, pouco a pouco, viestes vos desprendendo de vossas concepções pré-estabelecidas sobre a verdade e a maneira de a ela vos acercardes. Pouco a pouco, assim espero, vosso julgamento das coisas tem sido modificado. Até então, havíeis estabelecido para vós mesmos certas teorias confortadoras visando entender a verdade, teorias consoladoras nascidas do medo; haveis estabelecido uma série de autoridades, haveis dado vossa adesão à autoridade de certos indivíduos, procurando deste modo adquirir o reto entendimento, a vida reta, a reta conduta. Ora, nestes quatro anos esses abrigos confortadores foram sendo lentamente destruídos por vossa própria persistência. Quero dizer: vindos com a firme determinação de descobrir por vós mesmos, indagáveis acerca de tudo. Vossa preocupação maior, porém, dizia respeito a coisas que não têm importância. Vossas perguntas eram sobre quem era discípulo e quem não era, quem era ou não apóstolo e quem falava por meu conduto e quando assim fazia. Considerando agora estas coisas, vereis como eram ridículas e de quão pouco valor. Como existia o temor em vossos corações, procuráveis perder-vos em ilusões. Assim, para vós, a ilusão tornara-se a coisa mais importante, não mais o medo, da qual surge a ilusão. Indagáveis se aquilo que haveis criado em razão de vossa ilusão era verdadeiro, não vos preocupando em compreender o medo, que é a raiz de toda ilusão. Vossa tarefa, na realidade, está em compreender o medo.

Assim, agora, depois destes quatro anos de indagação, de dúvida, de pesquisa, de observação, de destruição pelo raciocínio de tudo quanto se vos antepunha, não vos deixando levar pela crença sentimental, principiais lentamente, a distinguir o verdadeiro do falso, a ilusão da realidade. Todos têm que passar por essa fase de desilusão, e feliz é aquele que vence a desilusão e alcança o outro lado. Naturalmente, muitos há entre vós que se encontram ainda nessa fase de desilusão, não acreditando em coisa alguma. Isto é um bem, pois só por meio desta agonia de descrença podeis chegar à certeza da fé — a verdadeira fé, que não é a fé em pessoas ou indivíduos e na autoridade, porém fé na vossa própria certeza, em vosso próprio entendimento, nascido de vossa própria experiência. Como disse, muitos há aqui que trazem essa dúvida em seus corações, alguns mesmos em considerável extensão, ao passo que em outros a força da dúvida já vai sendo diminuída pelo entendimento. Esta dúvida é que originalmente vos levaria a abandonar as estreitas religiões em que haveis nascido; mas por desejo de conforto, afrouxastes vossos esforços, sepultando vossas dúvidas, até cairdes afinal em outra prisão, outra sociedade, adotando outras crenças e outros dogmas. Estes novamente vos foram retirados e agora tendes medo de serdes colhidos em nova prisão, atando-vos em outro conjunto de dogmas e opiniões. Assim existe em cada coração a constância na dúvida e isto é essencial para a investigação.

A dúvida, a critica sincera, é essencial para que gradualmente possais escolher, possais descobrir por vós mesmos o que é duradouro. Uma critica assim é coisa vital. Muitos há, repito, que, em virtude desta dúvida, principiam a duvidar de tudo, até de si mesmos. A fé, porém, consiste em vos achardes seguros de vossa própria experiência, da vossa própria força, de vossa própria capacidade — esta é a verdadeira em que a dúvida não encontra morada. Podeis duvidar de que eu esteja vivendo aquilo que digo; podeis criticar-me até satisfazer vossos corações, verificando se pratico ou não aquilo que prego. Mas, se usardes a critica somente para julgar e não para descobrir, então a vossa critica perderá todo valor. Sereis bem-vindos se assim me quiserdes criticar, mas a vossa critica, para ser de algum valor, deve basear-se no contato direto. Não me vedes senão sobre plataformas de onde vos falo e não me vedes senão na superficialidade —, assim, vossa critica é, naturalmente, superficial.

Sustento que vivo aquilo que prego, mas não vos posso provar.

Talvez o pudesse se vivêsseis de continuo comigo; não me compete, porém, provar a outrem algo que sei que realizo. Deveis porém, criticar aquilo de que vos estou falando e verificar se encerra alguma realidade, se tem alguma realidade, se tem alguma relação com a vida, a vida ordinária, comum e se não é mera teoria metafísica. Deveis criticar e analisar a doutrina que explano e então por vós mesmos descobrireis o que é duradouro, o que é essencial e que deveis acentuar na vida. Assim, não desperdiceis vossa energia em coisas que não tem importância, conservai-a antes para alcançar aquelas coisas que são perenes.

Durante os dez dias que há de vir, é propósito meu apresentar-vos o que é duradouro e eu vos peço, se é que tendes algum interesse por aquilo que vos digo, que lhe deis toda a vossa energia, vossa vitalidade.

A realização da verdade — de que vos falo — não a conseguireis com o fato de virdes a certo lugar ou centro. Imaginais que pelo fato de virdes a um lugar ou a um centro, chegareis à realização da verdade e assim dais importância ao lugar e não à realização. Eu não me interesso em absoluto por determinado lugar ou pela formação de comunidades, seitas, ordens ou grupos de pessoas que tomem especial interesse pelo que eu digo. Se sentem tal interesse, isto lhe diz respeito. Vivê-lo-ão e é o viver que importa e não o lugar onde o consigam. A importância que dais a um centro se funda numa ideia falsa. Os centros não têm importância. Não importa onde vos acheis, o que é de vital importância é o uso que fazeis das circunstâncias que vos rodeiam e como as alterais. Assim, por favor, afastai de vós a ideia do valor dos centros. Se raciocinardes de modo muito cuidadoso e impessoal, verificareis que os centros não podem conter a verdade. Por esse motivo, vão ser introduzidas alterações neste lugar, de que todos mais tarde serão informados.

Nem esta realização é conseguida obedecendo a uma autoridade. Tenho falado acerca disto ano após ano e no entanto o vosso instinto ainda é o de perguntar: “O que é que diz fulano? Obedeçamos, sigamo-lo”. Confiais na autoridade daqueles que vos descrevem fenômenos pertencentes a outros planos, mas com isto não conseguireis encontrar ou realizar a verdade. O ocultismo não é senão o exame de fenômenos em outro plano. Essa procura de autoridade resulta do medo e da incerteza quanto à nossa própria capacidade de raciocínio. Meu exame de uma flor não tem valor, se não sou capaz de encontrar deleite na flor em si mesma. É a vossa capacidade de vos deleitardes com a beleza da flor o que tem valia, não a capacidade de fazê-la em pedaços.

O que devemos tratar assim são as nossas experiências diárias e por meio dessa dessecação assimilar pleno entendimento de cada experiência. Por isso é que insisto em que não aceiteis autoridade de qualquer espécie. Deveis, porém, considerar raciocinando impessoalmente aquilo que vos é apresentado seja por quem for, e descobrir, por meio desse exame impessoal o que nisso haja de valioso deixando de lado o resto.

Tenho estado a vos ensinar nestes últimos quatro anos, que a realização da verdade não resulta de distinções espirituais, ou da aspiração pela consecução desta. Não é isso senão outra ilusão nascida do medo, e do desejo de ser reconhecido por outrem como superior.

Aqui viestes de todas as partes do mundo, porque pensais que tenho algo para vos oferecer, que vos posso mostrar o caminho da vida, que vos posso indicar a maneira de realizar essa perfeição que é a consumação da existência individual. Com esta aspiração aqui vindes todos os anos, porém o vosso desejo de encontrar a verdade permanece atado em todo um conjunto de coisas sem importância. Por isso é que necessitais primeiro dissociar-vos de todas as ilusões de que vos haveis rodeado. Uma vez que delas vos tenhais dissociado, libertando-vos do passado, então o princípio ativo da critica principiará a agir consistindo em buscar a essência daquilo que eu digo — da realidade.

Ora, eis alguns dos pontos que vou oferecer a vosso exame no correr de toda semana entrante: que a individualidade não constitui um fim em si mesma; que a existência individual não é uma finalidade mas encontra a sua plena realização ao alcançar a totalidade, a unidade de toda a vida; que ânsia pela continuação da existência individual, de que decorre a reencarnação com toda a sua multiplicidade de perturbações não é senão o adiamento da realização; que a existência individual tem um propósito definido, enquanto, que a vida em seu conjunto não tem tal propósito. Discutiremos isto à medida que forem passando os dias. Quero, porém, que me façais perguntas sobre estes temas, não sobre se existem os Mestres, ou sobre quem seja ou não um discípulo, ou sobre se as cerimônias são ou não necessárias.

Como indivíduos estais imersos em tristeza, e o meio de vencerdes essa tristeza, o problema principal para o indivíduo — não é o saber quem já venceu ou vai vencer, e sim como sabe vencer. Esta vitória somente pode ser alcançada mediante um esforço contínuo, incessante por parte do indivíduo e para isto não há necessidade de “auxílio super-humano”. Pela observação própria, pelo esforço constante por vos libertardes das ilusões nascidas do desejo do conforto, pela própria energia e constância nesse esforço, podeis realizar esta felicidade que é incondicionada. Assim, são estas as duas coisas com que vos deveis preocupar: Saber qual o propósito da existência individual e qual a maneira de chegar à consumação desse propósito.

Para este fim deveis conservar vossa energia, vossa força, colocar toda determinação no vosso modo de ser, que é a vossa conduta para com os outros.

A conduta autoconsciente vem por meio do desapego. Chega-se a esse desapego por meio de continua concentração, e a concentração conduz à consumação de todo o esforço, que é a pura intuição, em que não mais existe o anseio pela existência individual.

Durante esta semana, eu vos sugeriria que focalizásseis a luz de vossa critica sobre vós mesmos, perguntando-vos se estais vivendo essa realidade a todo o instante do dia e se conservais vossa energia com esse propósito; então não mais a dissipareis em conversação inútil. Quando reuniões como esta se realizam, há sempre o deleite de encontra velhos amigos e de conversar com eles, bem nos podemos, no entanto, libertar disto após o primeiro dia. Durante o resto do tempo, eu vos sugeriria que conservásseis a vossa energia afim de criticardes vossas próprias ações, para por esse meio as alterardes. Para isto precisais de solidão. No geral a solidão é procurada por temerdes algum conflito, mas ela não vos evita. No decorrer desta semana, não vos percais em conversações vãs e inúteis e em discussões, pois ao contrário, dominai-vos com o entendimento, de modo que, por vosso contínuo esforço durante esta semana possais dentro de vós mesmos firmar um entendimento claro do propósito da existência individual e da maneira pela qual podeis chegar à realização.   

Quando, como indivíduos, houverdes concentrado esta energia de esforço dentro de vós mesmos, que é o cuidado diligente com a vossa conduta, que não é senão ação na vida, e quando tiverdes aperfeiçoado essa conduta, estareis livres para então chegar a ser e em ser está a felicidade. Por meio da conduta somente chegareis à pura ação, ao puro ser que é a consumação da existência individual.                               

Krishnamurti em Acampamento da estrela de Ommen, 30 de julho de 1930
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill