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quinta-feira, 14 de julho de 2016

A realização é sempre assunto individual

A pessoa que se encontra incerta em seu próprio julgamento, recorre instintivamente à autoridade e à tradição; e o efeito disso é o enfraquecimento de sua capacidade para julgar e o desviar esse julgamento de seu verdadeiro objetivo. O que o julgamento realmente busca é tornar-se cada vez mais impessoal e cada vez mais liberto de seus embaraços. Neste particular, apelo algum à autoridade pode servir de auxílio; antes um tal apelo é a pior coisa para ele. O julgamento somente pode ser purificado por meio da luta incessante. É mediante uma sucessão de escolhas pessoais expressas na ação, que cada indivíduo tem que aprender a confiar em si mesmo e a tomar sozinho a completa responsabilidade de tudo quanto fizer.

Naturalmente existe nisto um grande perigo, que é o de tornar-se obstinado e teimoso. A cura para tal é o sofrimento. Somente assim pode, quem quer que seja, chegar ao puro julgamento que não seja tingido pela fantasia e o preconceito pessoal. No fim de tudo é isto que toda a gente no mundo anda buscando — um padrão inteiramente impessoal. Assim, pois, é por meio de um longo processo de progressivo discernimento, pelo crescimento de um lado e a eliminação pelo outro, que se estabelece dentro de nós mesmos uma visão impessoal da vida. A partir do momento em que qualquer de vós queira fazer isto, não mais desejará apegar-se à autoridade ou à tradição.

Da falta de confiança em nosso próprio julgamento provém a imitação; e da imitação provém as ideias preconcebidas ou de segunda mão sobre a espiritualidade e a consumação da vida. Toda a vida de grupo se acha baseada na imitação; pois o princípio vulgar sobre o qual um grupo se forma é o de coletar pessoas do mesmo tipo e com o mesmo ponto de vista. A vida do grupo representa, assim, o oposto do auto-desenvolvimento, e o auto-desenvolvimento é o único meio de entender e realizar o propósito da vida. A partir do momento em que estabeleçais um tipo tornado padrão daquilo que é grande e espiritual, o tipo absorverá o indivíduo.

Sabeis de experiência como, a todo o instante, a pressão se exerce sobre vós para seguirdes um certo tipo ou vos submeterdes a uma certa ortodoxia estabelecida. Desprezai isso completamente. Não importa quão poderosa ou quão grande seja a autoridade; para encontrardes a realidade tendes que resistir absolutamente a toda a padronagem.

E no entanto, quão longe se acha a maioria das pessoas de verificarem isto! O religioso vulgar tem uma concepção opaca da espiritualidade e a todo o instante se amolda ao seu tipo. Mas, para o entendimento e desenvolvimento reais, nenhum padrão pode ser útil, desde que limite o crescimento e estreite o pensamento. Se quiserdes crescer, portanto, deveis estar em revolta contra a autoridade. Tendes que substituir a autoridade pela experiência, pois que somente assim podereis descobrir a realidade que se acha dentro de vós mesmos. Isto é apenas uma outra maneira de dizer que o crescimento deve ter lugar por meio da luta. É somente por meio do combate que o indivíduo chega a perder o sentido da separatividade, a aquietar e vencer suas reações e a encontrar a felicidade do verdadeiro ser. Podemos ver, portanto, que a felicidade não é indulgência — é a consecução final da luta. A realização é sempre assunto individual; portanto, a imitação não vos pode servir de auxílio nesse sentido. A imitação é o recurso daqueles que temem buscar pela única maneira correta.  

Em um dos meus primitivos discursos falei dos três estágios através dos quais o desejo passa para buscar sua satisfação interior. No primeiro estágio espera escapar aos conflitos da vida no conforto oferecido pelas posses físicas. Desenganado por este lado, transfere a busca para um nível superior e busca refúgio no romance e no mistério dos Mestres e Instrutores e assim por diante. Com estas coisas cria tipos, os quais pensa que lhe virão a ser guias uteis através do caos da confusão mental e emocional — atribuindo vida a algo que a não possui e vestindo-o com as qualidades que sente lhe faltarem. Em seguida vem o terceiro estágio, no qual, não tendo encontrado satisfação, começa o homem a ser ele próprio, confiando, para sua integridade e força apenas em si mesmo, e não se importando com o que outrem possa dizer. Quando alcançais este estágio, o que pensais e sentis torna-se vossa realidade, e assim, começais a crescer — a crescer eternamente, pois que a vida não conhece lugar de repouso. É então que começais a agir sem reações; e pelo fato de vossa vida integral se exteriorizar partindo de seu próprio centro, cessais de, para vosso entendimento e crescimento, confiar em algo externo. É neste ponto que começais a vos tornar o que chamo um homem verdadeiramente culto, um homem espiritual, porque entre as vossas opiniões e vossas ações não haverá lacuna. É este o verdadeiro padrão de espiritualidade e cultura. O homem que nada pede do exterior, mora no PURO SER. Torna-se uma expressão da vida. O labirinto das ilusões não mais o aprisiona; é livre.


Krishnamurti em Acampamento de Ojai, 31 de maio de 1930
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill