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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Libertação é o resultado da vida em plena maturação

Pergunta: Frequentemente, ao falardes, detendes-vos repentinamente, como se nos não quisésseis ofender. Será porque sintais, realmente, que, posto que aqui venhamos com um propósito sério, não estamos prontos a fazer frente ao que for necessário no caminho do sofrimento?

Krishnamurti: Às vezes hesito, porque, pessoalmente, acabei já com toda a transigência e, em meu ardor, desejo que outros o façam. Não os posso, porém, forçar a isso.

Pergunta: Que entendeis por libertação?

Krishnamurti: Voltamos a começar de novo! A libertação não é negativa. A libertação, do meu ponto de vista, é o resultado da vida em plena maturação. A libertação é a consumação de toda a vida altamente evoluída, altamente culta, altamente desenvolvida. A libertação é o produto da cessação de todos os desejos. Esta liberdade é o resultado natural que o desejo está sempre buscando, o despedaçar dessas barreiras que são colocadas pelo eu sobre o eu, em virtude da experiência. Vós me perguntais o que é a libertação. Eu somente vos posso dizer que é vida, que é mil e uma coisas, que vem à existência após haverdes passado através do processo de completa eliminação e estardes libertos por completo da ilusão.

Pergunta: Se qualquer de nós a atingisse agora, como mudaria ela para nós o mundo externo?

Krishnamurti: Tratai de atingi-la e depois poderemos falar a respeito. Vós me pedis que coloque algo que é infinito naquilo que é finito, traduzi-lo por meio de palavras para uma mente que é limitada. Se não possuirdes a experiência de certa coisa, eu não vos posso proporcionar o sabor dela por meio de minhas palavras por muito que eu lute, por muito que escreva, por mais que faça conferências e palestras a respeito. Uma experiência desta natureza é a resultante natural da evolução humana, da luta humana, da humana dor e prazer. É a consumação da vida individual, tanto como da vida universal. É impossível descrever a uma pessoa cuja mente é finita, algo que é infinito e que não pode ser descrito. E, se pudesse ser descrita, perderia a sua beleza. Se a pudésseis descreve não mais seria aquilo que estáveis descrevendo.

Pergunta: Dizeis que a vida é livre, porém, no geral, reconhecemos que a natureza tem certas leis. E a ciência moderna diz que talvez as leis do universo não sejam, realmente, as leis de todo o cosmos. Talvez as leis do nosso universo estejam mudando. Assim, eu quero saber se essa vida universal está, ao mesmo tempo, dando e experimentando com as leis da natureza.

Krishnamurti: Isto é certo. Eu encaro isto assim. Existe a manifestação e, na manifestação deve haver lei, porém, não há para aquilo que se manifesta. Para a vida é preciso que haja uma expressão e, na expressão é preciso que exista lei, porém, para essa vida que a si mesma se expressa, não pode haver lei. Eu sustento que para aquilo que é a vida em liberdade, que é espiritualidade em consumação não pode existir lei alguma, porque, se estiver sob o regime da lei, estará em limitação.

Pergunta: Vosso ponto de vista concorda perfeitamente com o que diz a ciência moderna. As leis que outrora tínhamos como universais são somente relativas; é um plano cheio de vida livre.


Krishnamurti: É certo. Por isto é que não podeis ter leis que vos conduzam à espiritualidade; um sistema, uma meditação estabelecida, para vos conduzir à espiritualização, à liberdade da vida. Aquilo que é livre, não podeis ir levando as mãos atadas. E, como esta vida está dentro de vós — esta vasta imensidade de vida está dentro dessa outra vida que está em limitação dentro de vós — para a esta chegardes precisais lutar para a vós mesmos libertardes da escravidão de todas as coisas. Se estatuirdes uma lei, um dogma, um conjunto de regras para a meditação, isto não vos levará a essa liberdade. Não que eu seja contra a meditação; ao contrário, eu não perderia um único momento de contemplação. Deveríeis estar em contemplação durante o dia inteiro, meditar durante todo o dia e não estabelecer apenas uma hora para meditação e depois esquece-la durante o resto do dia. Contemplai durante todo o dia. Porém, não podeis estatuir uma lei para a contemplação. Não podeis fazer leis para a espiritualidade. Trata-se de uma experiência interna que não pode ser traduzida por coisas finitas, para uma mente limitada. É uma experiência tão vasta, é uma vida tão imensa que, a não ser que a experimenteis, por vós próprios, permanecerá um mistério, uma coisa secreta, oculta, e não podereis discuti-la ou coloca-la em dúvida. Por isso é que tanto me preocupo com ela. Não para que investigueis aquilo que estou sentindo, ou o que é a libertação, mas para que desenvolvais vossa própria percepção, afim de internamente vos harmonizardes perfeitamente, e ficardes inteiramente livres, isentos de toda a ilusão. Isto é o que importa; e não o efeito que virá a ter sobre a vossa consciência, ou aquilo que hei de fazer quando houverdes atingido. Deveis vos preocupar de como atingir, de como ansiardes por tal e de como a buscardes. 

Krishnamurti, no Castelo de Eerde, 19 de julho de 1929
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill