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terça-feira, 12 de julho de 2016

O homem perfeito não deixa atrás de si nenhuma sombra

Pergunta: No desenvolvimento da individualidade, onde está o padrão pelo qual se mede o que é elevado ou a baixeza?

Krishnamurti: Como pode haver um determinado padrão externo? Deve haver continua escolha, a todo momento.

A princípio há o desejo de possuir muitas coisas: — casas, livros, mobília, carros, etc.; quereis possuir, possuir, possuir, possuir. Pensais que por aquilo que possuis chegareis à vida da liberdade, da felicidade; mas, não. Logo que vos aparece abundância de posses, pondes estas de parte. Procurais, então, depois do desprezo do que é físico, o romântico; quereis ter guias, “gurus”, mestres, deuses, ansiais pelos mistérios, pelo romantismo. Vem, novamente, a revolta desse romantismo, que é uma ilusão, e há uma consciente e despertada escolha da realidade no falso.

Pergunta: Quando o perfeito equilíbrio entre “vós” e “eu” é alcançado, é ele igualmente alcançado por outros indivíduos?

Krishnamurti: Receio que não me tenhais compreendido. O perfeito equilíbrio não está entre o “vós” e o “eu”. Esse perfeito equilíbrio está em nós mesmos, por conseguinte é todo-integrativo. Nesse equilíbrio não existem “vós” e “eu”. “Vós” e “eu” são criados pelas reações. “Vós” e “eu” são o resultado da separação e não do mais conseguimento da perfeita consumação da espiritualidade. Assim, quando eu, como um indivíduo, tenho alcançado este equilíbrio, não há nenhuma individualidade para mim. Eu sei que pensareis imediatamente que isto é aniquilação. Não há tal coisa de aniquilação. Um homem que tenha alcançado este ponto torna-se o ponto focal da vida, o que é uma coisa completamente diferente de aniquilação.

“É ele igualmente alcançado por outros indivíduos?” Como pode ser ele alcançado por outros indivíduos, se por ele não luta cada indivíduo? Como pode a compreensão de um homem ser transplantada em outrem?

Pergunta: Como distinguirmos um impulso de intuição?        

Krishnamurti: Segui uns e outros pela ação e cedo descobrireis. Como posso dizer-vos o que é a vossa intuição? Como pode alguém falar-vos de vossa intuição e impulso, senão vós mesmo? O homem perfeito não deixa atrás de si nenhuma sombra, e todos vós estais em trevas, e esta é a razão porque estais procurando uma autoridade que vos diga o que é mais essencial e o que é menos essencial, o que é bom, e o que é mal.

Pergunta: Não existirá um estímulo criador ou força, fora do “domínio” do indivíduo, para compeli-lo a atingir a vida abundante?

Krishnamurti: Que maiores estímulos precisais, do que risos e lágrimas? Esta é a razão porque tenho falado em lágrimas e risos, e não sobre as explicações deles. Se não sabeis sofrer, se nunca chorastes, como podeis compreender? Que maior estímulo existe que o desejo? Que estais fazendo sempre com o desejo? Vossa maior aspiração é mata-lo, mas não podeis matar o desejo. O que percebeis, desejais; mas se vossa percepção é pequena, vossos desejos são pequenos. Se vossa visão é larga, vossos desejos são largos. Se estais num caos, não é por culpa do desejo, é por culpa de vossa percepção.

Pergunta: Não nos devemos conformar, até certo ponto, com o conseguirmos eficiência, e não devemos chegar à eficiência para atingirmos o repouso, para desenvolvermos a individualidade?

Krishnamurti: Sei que todos adoram a eficiência. É um outro novo deus. Deve-se, entretanto, ter eficiência. Na maneira de fazerdes as coisas deveis ter eficiência, pois ela vos dá repouso e a oportunidade de desenvolver a individualidade, mas isto não é propriamente um fim em si mesmo. O esforço individual tem valor na criação de vossa própria perfeição. A individualidade é perfeição. É apenas, uma parte do todo. Para tomardes o todo, deveis ter o produtivo contato da vida, que enriquece a individualidade, e nesse enriquecimento, a individualidade se perde. Então, não vos deveis considerar como um indivíduo, mas como o todo.   

Pergunta: Entendi dizerdes que o homem não é material, nem espiritual. Que é ele?

Krishnamurti: Isto interessa muito? Ele é tudo. É material e espiritual; ele é — o todo. Não podeis dividir a vida em matéria e espírito; isso são convenções da mente.

Pergunta: Se aderirmos o amor humano, poderá isto embaraçar seriamente o nosso progresso para o verdadeiro amor?

Krishnamurti: Se o amor se torna uma coisa intelectual, não é real; mas não deveis ser um escravo do amor humano, deveis, através do amor humano, criar a qualidade do verdadeiro amor, o que é perfeitamente coisa diferente.

Pergunta: Podeis dizer de modo mais definido como nos tornamos superiores, como nos erguemos acima das reações emocionais?

Krishnamurti: Para vos erguerdes acima das reações emocionais, deveis ir através da emoção. A vida não é uma drogaria, onde podemos encontrar drogas convenientes para as consecuções. Para chegardes ao ponto culminante, deveis estar preparado para rir e para chorar, o que é a mesma coisa, as formas extremas da mesma emoção.

Pergunta: Não deve alguém filiar-se a um grupo, tal como uma sociedade, para ajudar os outros, por ser a ação coletiva mais eficiente do que a individual?

Krishnamurti: Ação, em relação a que? Sem dúvida, para aliviar o sofrimento físico? Mas, não podeis pela ação coletiva afastar o isolamento, a separatividade. Não podeis pela ação coletiva suavizar e aplacar os males da vida. Deveis vestir-me, alimentar-me. Em resumo, o objetivo da eficiência que todos desejam é ter repouso para pensar e sentir. Dizeis: como fazê-lo? Podeis fazê-lo proporcionando oportunidades aos vossos amigos e semelhantes. Fazê-lo, porém, sem explorar a outrem. Isto não é uma coisa de futuro remoto, cuja carga apoia-se nos ombros de outrem.
Para concluir: Não é pela conformidade que chegareis à própria perfeição, nem por vos abrigardes à sombra de outrem. O homem que procura a verdade não pode deixar um vestígio atrás de si.


Krishnamurti em discurso aos professores em Los Angeles, 10 de abril de 1930
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill