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terça-feira, 5 de julho de 2016

Problemas da Vida – Perguntas e Respostas - Parte 1

Pergunta: Por favor, explicai-nos a vossa ideia sobre enamorar-se da vida.

Krishnamurti: Existe a igualdade na vida e na forma a desigualdade. Na vida existe unidade, pois que toda a vida é uma; na expressão dessa vida, que é forma, é preciso que haja diversidade.
Pelo fato de prestardes maior atenção à forma, que é expressão da vida e que não pode ser unificada, do que à vida em si mesma, dá-se desunião. Quereis que todas as pessoas sejam iguais, que todas as formas sejam idênticas. Na expressão de pensamentos e sentimentos quereis que todo o mundo seja igual, o que jamais pode acontecer.

No preenchimento da vida que, por seu turno, é verdade, existe unidade, e se guardardes isto sempre em mente e viverdes nesta unidade que é vida, então a diversidade e discórdia de expressões da vida terão um significado diferente. Quereis que todas as expressões da vida se unifiquem. Como pode isto acontecer? Pensai que mundo fatigante não seria este se todos nós concordássemos, se todos tivéssemos as mesmas ideias, os mesmos pontos de vista! Precisais ser livres para desenvolverdes vossa particular forma de expressão, vossa uniquidade pessoal. Pelo desejo de criar a igualdade nas expressões da vida, o mundo, nos tempos presentes, criou a mediocridade. O preenchimento da vida é tão essencial, tão importante, porque sem este não pode haver paz, nem entendimento, nem o atingir da felicidade.

Pergunta: Não temos que expressar nossas ideias na ação, que, no fim de tudo, é correta? Trata-se, pois, de continuamente fugirmos daquilo que fazemos?

Krishnamurti: É isso. Quando construís uma casa, em primeiro lugar, levantais um andaime e, depois de haverdes construído a casa, demolis o andaime. É preciso que haja uma destruição constante do molde no qual criastes.

Pergunta: Não é dual a meta da evolução? Isto é, atingir a união por um lado e obter completo domínio sobre o mundo da matéria pelo outro?

Krishnamurti: Não penso que seja dual. Não podeis atingir a união sem completo domínio sobre a matéria. Não é questão de atingir-se em primeiro lugar, e depois expressar vosso atingimento na forma. Não podeis dividir matéria e espírito.

É preciso que haja igualdade e expressão harmoniosa no desenvolvimento da vida. Não podereis encontrar a união negligenciando a forma — isto foi o que tentaram fazer na Índia   não como tentam faze-lo no Ocidente pelo desenvolverem a forma com esquecimento da vida. A partir do momento que dividais a vida em matéria e espírito, sereis conduzidos a muitas complicações, ao passo que, se verificardes a matéria e o espírito como sendo um só, muitos problemas serão resolvidos. Vós próprios sois espírito e matéria. Sois responsáveis pela matéria que existe em redor de vós e também pela vida que anima esta matéria.

Pergunta Toda a vida e toda a força espiritual precisa ter uma forma de manifestação sobre o plano físico. Não nos é possível enviar um telegrama sobre um cartão fantástico. Como, pois, dizeis que a forma é desnecessária?

Krishnamurti: Sou o primeiro a reconhecer que as formas são necessárias em certos casos. Quando, porém, se dá às formas importância máxima, mata-se a vida. Eu vivo mais preocupado com a vida do que com a forma e por isso vos falo acerca da vida. Quando entenderdes a vida criareis uma forma perfeita. Vós estais tomando a forma como de maior importância do que a vida.

Todo o institucionalismo mata a vida. E, quando limitardes a vida por meio de formas, sociedades, religiões, tornam-se elas mais importantes do que a própria vida.

Seria necessário dizer que, se quiserdes enviar um telegrama tendes que o fazer pelos métodos apropriados, por meio dos fios do telegrafo. Porém, os fios do telégrafo não são tão importantes como as mensagens que através deles enviais.

Pergunta: Dizeis, buscai a vida que é uma e não as formas, que são múltiplas. Essa vida é uma e incolor; de onde vem a diversidade de uma expressão? Se a forma é a expressão da vida, porque maneira a vida se expressa a si mesma?

Krishnamurti: Eu vos disse, amai a vida e aí encontrareis unidade. Nas formas é preciso que haja diversidade. Estais vos esforçando por unificar as formas, o que jamais poderá ser feito. Tendes que ultrapassar tudo isso. Quando um rio vem de montanhas distantes, na nascente existe unidade. Porém, à medida que ele atravessa muitas terras, muitos canais que se derivam desse rio e manifesta-se a diversidade, posto que a água do rio seja a mesma. Vós vos estais esforçando por unificar os canais.

“Pois que a vida é uma e incolor; de onde provém a diversidade de sua expressão?” Um homem vai ao poço com um vaso de prata, outro com um pote de barro e outro com uma vasilha de cobre brilhantemente polida. Existe uma grande diferença entre os vasos que contêm água, porém a água é a mesma em todos.

“Não podeis segurar os ventos em vosso punho nem colher as águas do mar em um vestido” e malgastais o vosso tempo no exame dos vasos que contém a vida.

Pergunta: Dizeis, “Sou um com o Bem Amado”. Que entendeis pelo Bem Amado?

Krishnamurti: O Bem Amado de cada homem variará de acordo com seus próprios valores, seu crescimento, seu entendimento, seus sofrimentos. Para mim, o Bem Amado é cada um de vós; a haste de erva, o pobre e o rico, o cão infeliz e a montanha magnifica, as árvores gloriosas e todos os Deuses. Este é o meu Bem Amado.

Pergunta: Ateastes, pela vossa experiência pessoal, a possibilidade e o valor do atingimento da felicidade eterna e da liberdade e quereis mostra-nos o caminho mais simples e direto de levar o mesmo efeito. Vossa mensagem tem que ser em termos gerais para atingir a todos e é, indubitavelmente difícil o definir, na limitação das palavras, o que está para aquém e para além das palavras. O resultado, porém, para alguns dentre nós, pelo menos, é um sentimento de algo vago e de ilusório.

É perfeitamente verdadeiro que, se quisermos ir para algum lugar, temos que determinar nossa menta. Porém a palavra “meta” sugere um fim, ao passo que estais falando de algo, de “eterno”, de “vida”, de “verdade”, que são conceitos abstratos somente de nós conhecidos em suas parciais, varias, concretas expressões. Quereis dizer que o princípio abstrato, infinito, eterno, que chamais “vida” ou “verdade” gosta de se expressar a si mesmo sob formas manifestas e que nos convidais a aprender a participar dessa alegria de criação? Porém, como? E porque é que a dor e o sofrimento são necessários para o entendimento? Será que somente nos seja permitido gozar seus oponentes? Que conforto encontraria, digamos, um esfomeado, um indivíduo desempregado em vossa mensagem?

Krishnamurti: Só há infelicidade quando a vida está no cativeiro. A partir do momento que derdes liberdade à vida, posto que a princípio possa haver tristeza, haverá no fim felicidade perdurável. Quando uso a palavra “meta”, posto tenha ela sentido limitado, não quero entender um fim em si mesmo. Não tem começo nem fim; a verdade não tem princípio nem fim. É a mente limitada que antepõem limitação à vida. Quando uso a palavra “meta”, modifico-a por meio das palavras “sem começo nem fim”.

Agora a questão é esta: “Quereis dizer que o princípio abstrato, infinito, eterno, que denominais vida ou verdade, gosta de expressar a si mesmo em formas manifestadas e que convidais a aprender a participar dessa alegria de criação?”

Qual a utilidade da vida se essa vida não se expressa a si mesma? Todos vós sois as manifestações e expressões da vida. E tristeza, dor, alegria e êxtase, são tudo manifestações da vida; são expressões suas. Se delas não participardes e as não gozardes, a vida não terá valor para vós, a vida não se preencherá em vós. “E por que é que a dor e o sofrimento são necessários para o entendimento?” Tereis jamais encontrado um homem que não tenha sofrido e que apesar disso possua entendimento? Ou um homem que não tenha passado pela dor de experimentar simpatia ou afeto? Vós me perguntais: por que é necessário sofrer ou experimentar dor? Sustento eu que, enquanto a vida — que é pensamento e sentimento e algo de muito mais — for mantida em cativeiro, for limitada, é preciso que haja sempre dor e sofrimento. Quanto mais libertardes essa vida menos tristeza e dor haverá.

“E que conforto encontrará, digamos, um indivíduo esfomeado, desempregado, em vossa mensagem?”


Provavelmente nenhum. Amigo, o faminto e o desempregado são criação vossa, o produto de vossa civilização. E para alterar a civilização, que é a expressão da vida, a vida deve ser tornada pura e liberta de cativeiro. Se a vida for impura a civilização será impura. E o faminto, o desempregado, o oprimido, são resultado de uma civilização contorcida. Assim, não há vantagem em simplesmente dar alimento ao faminto: precisais alterar a civilização, seus próprios sentimentos e pensamentos. Isto significa que precisais voltar à origem, que é vida, e purificar essa vida. 

Krishnamurti, 1928
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill