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sexta-feira, 8 de julho de 2016

Pulando o abismo da auto-corrupção

Pergunta: É um fato o ser a evolução humana guiada e auxiliada pela Hierarquia de adeptos e que alguns deles tomam discípulos para serem adestrados de maneira a tomarem o seu lugar na Hierarquia? Se assim é, não será este um caminho em direção à perfeição espiritual?

Krishnamurti: Digo que Deuses, adeptos, tudo isso, não tem utilidade para o crescimento espiritual do indivíduo na direção da liberdade. A Vida está por toda a parte, e em cada pequeno exemplo existe uma potencialidade de experiências. Quereis negligenciar tudo isto e buscar em qualquer outra parte, porque o estar apercebido, o ser positivo, o examinar e analisar a questão, é coisa difícil; exige concentração, êxtase de propósito e, assim, buscais auxílio do exterior que vos faça pular o abismo de corrupção para chegar à perfeição. Para entender a verdade, tendes que olhar ao essencial e todas essas coisas são não-essenciais. Não pretendo que concordeis comigo, isto seria até uma calamidade, porém quero que compreendais, porque o concordar e o ser arrastado por personalidades, não tem mérito algum. Se houverdes entendido a verdade do que estou dizendo, entendido o significado real disto, então sereis levados a viver, e viver é coisa muito maior do que estar em concordância seja com quem for.

Pergunta: Existem adeptos?

Krishnamurti: É coisa que para mim não é essencial. Isto não me concerne. Eu me preocupo sobre se estais tristes, se estais famintos, se sois preza da angústia, e não se qualquer entidade existe. Que valor tem isso? Não estou tentando fugir à pergunta. Tudo o que digo é que não me preocupo com isso. Não nego que eles existam. Na evolução deve existir uma diferença, assim como existe uma diferença entre o selvagem e o mais culto. Porém que valor tem isso para um homem que está colhido pelas grades da prisão? Tudo que digo é que, posto que haja adeptos, posto que possa haver deuses, eles não serão de utilidade para vós, a não ser que vós próprios quebreis as muralhas da limitação. Eu seria insensato se negasse a gama da experiência que é aquilo que chamais evolução. Cuidais mais do homem que se acha em vossa frente do que de vós próprios. Quereis prestar culto a alguém que se acha distante e não a vós ou ao vosso vizinho.

Pergunta: Em “Aos Pés do Mestre”, haveis recebido instrução de um dos adeptos. Que há em relação a isso? Não é felicidade atingir a perfeição?

Krishnamurti: A instrução existe em tudo, porém, se não possuirdes capacidade para assimilar, para compreender, para lutar com a experiência, ninguém vos pode ensinar. Estais uma vez mais, misturando o essencial e o não essencial. O essencial é que o homem seja livre. Ele é intrinsecamente livre e deveria, pela sua própria liberdade, destruir essas limitação que o desejo, em sua busca pela experiência, coloca em redor dele. Podem existir Mestres, adeptos, não o nego, porém não posso compreender que valor tem isso para vós, como indivíduos.

Ouvinte: colocai-nos no caminho reto.

Krishnamurti: Ninguém vos pode colocar no caminho reto, a não ser vós mesmos. Qual o ideal a atingir, a não ser a vossa própria perfeição?

Ouvinte: A perfeição de outrem.

Krishnamurti: Não. Um faminto necessita de alimento para si, não se satisfaz com a sustentação dos outros. A vida não é um processo de confiança em outrem. A vida deve ser desenvolvida pelo indivíduo em sua própria uniquidade. O indivíduo deve confiar em si mesmo, deve desenvolver este padrão desinteressado, mediante o qual possa julgar suas próprias ações e esse padrão jamais pode ser dado por outrem, não importa quão elevado ou quão evoluído ele seja. Podeis ter Mestres e adeptos, porém, pelo fato de serdes corruptíveis, sois infelizes, criais o caos. Assim, digo que, se vós como indivíduos, pelo fato de estardes sofrendo, poderes produzir esse estado de calma, serenidade e completa falta de perturbação, então estareis em vias de atingir.

Pergunta: Estaremos em acerto compreendendo que por — incorruptibilidade — entendeis o desarraigar completo do sentimento de posse, física, emocional, mental, ou significa mais do que isso?

Krishnamurti: Significa isso e mais ainda. Podeis não alimentar sentimento de posse, física, emocional ou outra qualquer; se, porém, não tiverdes harmonia, a qual é, como expliquei, o equilíbrio da razão e do amor, verdadeira criação, não estareis para além das garras da corrupção. Não podeis matar o egoísmo, não podeis matar o desinteresse. Temos de averiguar a diferença. Tentai ser realmente egoísta e então tornar-vos-eis um deus. No fim de contas, não podeis matar o “Eu”, que é o ser (self). Porém, podeis desenvolver o eu (self) para leva-lo a uma condição tal — estou usando o termo condições sem limitações — para que inclua todas as coisas. Não podeis matar o eu — o eu é, em sua própria essência, afirmação e, no processo de subir para a perfeição, os ecos dessa afirmação voltam a vós sob a forma de tristeza. Se conhecerdes o propósito da vida, então vossa afirmação começa a ser tinta pela coisa última que é libertação. Quando sigo “se verdadeiramente fordes egoísta”, peço-vos que não me entendais mal, ou então direis que estou pregando o egoísmo. Não estou pregando nem o egoísmo nem o desinteresse. Digo que o desenvolvimento do eu não é nem egoísta, nem não-egoísta, portanto, deixai a ambos de lado. Se vos achais preocupados com a vida que não é somente o vosso eu, porém também o meu eu, no desenvolver desta vida, naturalmente, ajudareis os outros consciente ou inconscientemente. A coisa principal é preocupardes-vos com a purificação do eu. Todos vós sois de maneira extrema egocêntricos, todos os homens são egocêntricos; porém, sede egocêntricos de maneira extrema, afim de poderdes transformar, renovar o eu. Não sejais egocêntricos as custas de outrem.


Pergunta: É impossível tornar-se impessoal, sem passar por experiências penosas, só pelo pensar reto, sustido e constante vigilância? Quereis uma pílula espiritual que clareie vosso caminho e vos torne perfeitos. O prazer acha-se limitado pelas lágrimas, e tendes de chorar, tendes de rir, para atingir. Não há outro processo.    Temeis chorar, quereis rir sempre; se porém, atentardes nisto, vereis que riso e choro são o mesmo, são extremos da mesma coisa. Se, porém, por meio do riso compreenderdes a tristeza e por meio da tristeza entenderdes o riso, não existirá nem um nem a outra. Um pinto realmente grande, um mestre de pintura, está a todo instante vigilante a cada movimento da folha, a cada matiz de colorido, a toda a forma, afim de que, dessa constante vigilância, possa ele produzir em sua tela aquilo que vive através da eternidade. Assim deveis vós alimentar o mesmo interesse, observar, ser agudos em todas as coisas e, por essa maneira, pintar a eternidade em vós mesmos.        

Krishnamurti no Acampamento da Estrela em Benares, em 9 de novembro de 1929
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill