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quarta-feira, 6 de julho de 2016

Descontentamento: o essencial para a descoberta da verdade

Esta tarde quero tornar perfeitamente claro que é o indivíduo que importa e não os grupos; e também que é na mais alta inteligência que reside a verdade e que a verdade não pode por modo algum ser “desnaturada”, reduzida, traduzida ou tornada aceitável para homens que sejam fracos. Inteligência é a capacidade de discernir o essencial é rejeitar o que não é. O estabelecer do que é essencial, eis a qualidade superior da mente, eis o propósito do homem. Eu gostaria de sugeri-vos que, ao passo que vou falando, deveríeis fazer experiências com o que vos estou dizendo; isto é, não deveis meramente aceitar tudo, e sim, se achardes o que eu digo razoável, bem equilibrado, considerado, então, após exame, toma-lo em vosso coração e modificar-vos a vós próprios.

Não quero que isto seja meramente uma conferência para a escutardes e depois vos afastardes para vossas casas com um julgamento superficial que não tenha valor; porque, não estais aqui para julgar-me e nem eu aqui estou para vos julgar. Sustento que um não pode julgar a outro, especialmente se sua mente estiver imbuída de preconceitos. Se derdes certas coisas por entendidas, se não houverdes cuidadosamente examinado e sofrido no processo de experimentação e análise, vosso julgamento não terá valor. Não estou dizendo isto por espírito de pretensão. Se tomardes o que vos digo com clareza, com julgamento são, equilibrado, com a mente aberta capaz de ajuizar impessoalmente, imparcialmente, podeis estabelecer por vós próprios um padrão desinteressado — isto não são meras palavras que passam — para que, ao passo que vos vou falando, a vós próprios possais modificar. Porque, no fim de tudo, a única coisa que importa na vida é mudar, mudar radicalmente, afim de que, por meio de vossas experiências, por vós mesmos descubrais a verdade. Não aceiteis coisa alguma, seja quem for que o diga — quer os sábios do passado, as literaturas do passado, quer do presente — porém estabeleceis por vós próprios, por meio do pensamento esclarecido e da razão, qual o verdadeiro significado da vida, qual o verdadeiro significado de todo o pequeno incidente de cada dia. De outro modo, desejareis a todo instante fugir deste mundo de tumulto, de fenômenos, e por essa maneira buscar abrigo desta luta, — o que significa estagnação.  

Agora, naturalmente, numa palestra como esta, deveis vos forçar por alcançar o significado das palavras que eu uso e não ficar contentes apenas com o sentido literal. Isto é, precisais recolher o significado pleno, o pleno entendimento do que estou dizendo — o que há de implícito, embora não expresso em palavras, sentimentos e pensamentos — e não meramente julgar pelas expressões que eu empregar, porque se o fizerdes, desentender-nos-emos uns dos outros completamente. Vou usar de palavras que não têm significado tradicional, que tem o significado ordinário da vida diária, as que emprego a todo instante do dia. 

Permita que aqui diga que vos não estou pregando como propagandista, para vos fazer filiar a qualquer sociedade. Não existem associações em espiritualidade. Não pode haver um sistema individual para atingir a verdade, nem uma corporação religiosa que imponha ao homem certos empreendimentos. Isto não é palestra feita afim de converter a qualquer um de vós, porque a vida converte a vida, torna-vos retos se fordes tortos. Se não estiverdes sofrendo, a vida vos fará sofrer; se não fordes sensatos, a vida vos tornará sensatos; e se não possuirdes emoções que vos revolvam e nutram, a vida despertará vossas emoções, vosso afeto, vosso amor.

Vou me preocupar com o indivíduo, porque é o indivíduo que constitui o mundo, e, enquanto o indivíduo estiver colhido pela roda da tristeza, da angústia, do caos, tudo que ele fizer acrescentará depois este caos, esta angústia, esse infindável desentendimento que produz constante variação na luta. O indivíduo — isto é vós próprios — não se pode desenvolver por meio de conformidade. Isto é, não vos podeis submeter a nenhum sistema de pensamento, não podeis depender, para vosso crescimento interior, — que é, no fim de tudo, espiritualidade — de outrem ou de quaisquer dizeres de escrituras pertencentes a uma religião qualquer.   Sei que todos haveis de discordar. Não me preocupo com isso, porém deveis discordar arrazoadamente. Se vossa experiência provar ao contrário do que estou dizendo, está bem, porque é com o vosso desenvolvimento que me preocupo e não com os meus dizeres particulares. Se pensais que o vosso crescimento depende da confiança que tiverdes em outrem, podeis fazer experiências nesse sentido, dar vosso corpo inteiro, vossa vontade, energia, entusiasmo a isso, lutar por isso. Verificareis, então, que não é de muito valor. Existis, portanto, afim de que, como indivíduos, vos possais desenvolver.  É esta a única razão pela qual a vida existe, pela qual vós, como indivíduo, vos encontrais no mundo. Isto é, o indivíduo — vós — tendes de crescer de corrupção em corrupção até que, como indivíduos, vos torneis absolutamente perfeitos.

Vou explicar-vos o que entendo por perfeição, e não me servirei das palavras simplesmente pelo gosto de o fazer. É de corrupção em corrupção, de estreiteza em estreiteza, de limitação em limitação que cresceis até vos tornardes livres, até estardes absolutamente perfeitos, imperturbados em vossa mente, incorruptíveis em vosso amor. Agora, haveis de concordar mais ou menos com esta explicação. Haveis de sacudir sabiamente vossa cabeça e ireis para casa dizendo que é isto perfeitamente verdade. O abanar da cabeça, porém, não tem valor, nem o tem a mera concordância. Se pensais que estou com a razão nisto que é essencial — não vos estou pregando a revolução ou algo desse tipo — então todas as coisas não essenciais da religião precisam desaparecer, para em vós próprios, serdes fortes o bastante para resistir à pressão das circunstâncias exteriores. Se, porém, pensardes que estou errado, então precisais lutar, não me deveis deixar falar. Não podeis permanecer indiferentes, pois que a indiferença levará a maior tristeza e a maiores calamidades. Precisais ser ativos no que pensardes, ser retos e trabalhar para isto com pleno entusiasmo, com convicção, sem transigências. Esta é a maneira de ser grande, quer seja em espiritualidade, quer seja no mundo: possuir grandes ambições e estar pronto, com o próprio entusiasmo, com o entendimento próprio, a sacrificar todas as ambições; não crescer, meramente em indiferença, que é limitada. A conformidade mata a iniciativa. Precisais aprender a pensar com independência e a vos manterdes sozinhos ainda que o mundo vos julgue errados. Se simplesmente vos conformardes, então vossa iniciativa estará morta. O desejo está constantemente buscando uma expressão. O desejo está continuamente esforçando-se por se contrapor à limitação. O desejo somente pode preencher a si mesmo na experiência, somente pode crescer por meio da experiência, somente pode ser tornado vasto, imenso, limitado, por meio da experiência. Ora, se vos conformardes a quem quer que seja ou com qualquer tradição de pensamento e de emoção, então tal conformidade com a tradição, em vez de vos desenvolver, como indivíduo, vos estupidificará. Portanto, para poderdes crescer, precisais adquirir experiência. Esta é a lei única — se lei existe — e a vida não tem lei nem filosofia.

A experiência é a coisa única eu vos fará, como indivíduos, crescer até grandes alturas. Portanto, precisais estar descontentes com todo estremecimento de pensamento, com todo o agito de emoção, com a tradição que haja sido estabelecida. Tendes que possuir a capacidade de duvidar, afim de descobrirdes por meio dessa dúvida, qual a verdade, aquilo que é essencial e duradouro. Porém, o duvidar de todas as coisas exige força de inteligência e de pensamento porque de manhã à noite tendes que incessantemente estar argumentando, interrogando, instigando. Que é a vida senão um mero existir — ganhar dinheiro, colher e rejeitar experiência, com todas as suas tristezas — qual o seu valor a não ser que a vivais como um vulcão tremendo tornando-vos um perigo para tudo?

Para descobrirdes o verdadeiro propósito da vida necessitais estar libertos de todas as tradições do pensamento, sejam elas antigas ou modernas, estatuídas por outrem, mesmo que esse outrem haja atingido a meta. No fim de tudo é o indivíduo que se encontra faminto que se deve preocupar com a sua fome. Que valor tem o saber que alguém está repleto e satisfeito se vos encontrardes famintos? A coisa essencial para a descoberta da verdade é o descontentamento e a absoluta ausência de tradição, o constante renovar da mente dia a dia, jamais aceitando nada que haja sido estabelecido, porém sempre rejeitando, sempre ansioso, sempre novo na exigência de saber. Precisais libertar-vos de embaraços de credos, religiões, de deuses, e de todas as coisas superficiais, afim de encontrardes a vós próprios, afim de por vós próprios encontrardes essa verdade — que é a verdade para todos — que é a vida. Pelo fato de a perfeição estar em vosso próprio desenvolvimento, a verdade reside na incorruptibilidade que é produzida por meio da corrupção. Tendes, portanto, de verificar que o homem, como indivíduo, é absolutamente livre, que a grandeza do homem consiste nisto: que ninguém possa salvá-lo, ninguém possa ajuda-lo na espiritualidade, ninguém possa torna-lo puro quando ele é impuro, ninguém possa conduzi-lo à perfeição quando ele, em si mesmo é corruptível.

O homem é absoluta, integral e completamente livre. Quando ele verificar isto, não mais terá receio do que é misterioso ou do que é conhecido. A todo o instante se encontrará ansioso por experimentar, para recolher para si mesmo essa riqueza de vida que é o preenchimento da verdade. Agora vós, pelo fato de serdes livres, estais por isso mesmo impondo limitações a vós mesmos e, através dessas limitações, lutais para despedaçar as barreiras que existem entre vós e a meta última que é perfeição. Uma vez que tenhais verificado isto, se realmente lhe entenderdes o significado, sereis formidáveis amanhã mesmo, porque estareis libertos de todas as garras do temor. No fim de tudo, todos os vossos deuses, Mestres, gurus, existem em virtude da vossa falta de conhecimento. Confiais em outrem para que vos auxilie, para que vos guie; porém, a partir do momento em que não confieis em mais ninguém, a partir do momento em que souberdes que sois absolutamente livres, a vós próprios desenvolvereis sem ajuda de outrem. Então sereis como árvore para os céus. Não vedes que, a partir do momento que vos atemorizardes, toda a confusão da vida cresce ao redor de vós, todas as roupagens da religião são acumuladas e essa confusão cresce cada vez mais? A partir do momento que estejais livres, convidareis a experiência, pois que somente por meio da experiência podereis crescer — a experiência no mundo fenomenal. Sem fenômenos a vida não pode existir. Não podeis dividir a vida em espírito e matéria, ela é o conjunto de ambos e para compreenderdes isto, necessitais, tendes que crescer por meio daquilo que é objetivo, com o entendimento do que é subjetivo.

Isto não é uma conferência metafísica para estimular vossos intelectos. A experiência é o método único por meio do qual o homem pode crescer, e não existe outro terreno para dar força às raízes, exceto o da experiência. Qual, portanto, o propósito da experiência? Sem um propósito, a experiência torna-se caótica. Quando não sabeis para onde ides, estais perdidos, fazeis perguntas, estais em dúvida, sobrevém o medo; porém, a partir do momento que estejais certos, positivos em vossa afirmação de descoberta, então convidareis toda a experiência a fazer de vós maravilhosa morada que tenha seus alicerces na imortalidade. Qual, pois, é o propósito da vida? Que é toda esta experiência que fere o vosso desejo operando continuamente no sentido dele? Que é que continuamente estais buscando por meio dessa experiência? O desejo busca libertar-se da limitação, da licenciosidade, que é como uma cizânia lançada na água sendo ali batida de um lado para outro lado. Para romper as limitações, o desejo preenche-se a si mesmo em toda a experiência. Desejo é vida e esta vida que está em vós como indivíduo, está lutando para derrubar barreiras, afim de poder incluir tudo em vez de excluir, porque, na exclusividade, reside a corrupção. Se incluirdes tudo nessa vida, que é vós próprio, não haverá superstição e daí, não haverá luta.

Por meio do esforço incessante vem a cessação de todo o esforço — não a estagnação, que é coisa completamente diferente. Quer isto dizer em vós, como indivíduo, estais continuamente buscando fugir às limitações que a vida, que vós próprios colocais ao vosso derredor, para por esse meio encontrardes felicidade e libertação. É isto que todo indivíduo está buscando. O eu — consciência (self), o vós, o eu por meio da experiência está buscando a incorrupção e, para chegar à incorrupção, necessita de passar pela corrupção com um propósito determinado. Porque a corrupção existe somente quando o ser — quando vós — estais pobres em experiência. Quando o ser está rico em experiência todo-inclusivo, manifesta-se a incorrupção que é perfeição. Portanto, a incorruptibilidade é o equilíbrio entre a razão e o amor. Perfeito balanceamento, harmonia que não conhece perturbação: esta é que é a verdade.    

Não quero que aceiteis o que digo porque eu afirmo que achei e atingi essa harmonia. Afirmo isso do mesmo modo que afirmaria que está um lindo dia e por ser coisa que está ao alcance de todo o indivíduo e todo o indivíduo ter de atingir esse preenchimento. Verificareis, assim, que para tal verdade, que é o amor da Vida, que é a própria vida, não pode haver caminho, por ser esta verdade inclusiva de toda experiência. A meta a preencher para todo o indivíduo quer ele seja o mais quer o menos culto, o mais inteligente ou o mais degradado e bárbaro, é a meta inevitável do homem.

Como tal meta não é posse exclusiva seja de quem for, assim também não é sob a direção de pessoa alguma que a haveis de encontrar. Este país, mais do qualquer outro é governado pelo culto dos gurus. Pensais que a salvação se encontra através de outrem, que a perfeição somente pode ser atingida pela adoração de outrem, quando a verdade só pode ser descoberta e somente é atingível por meio da perfeição própria e, para chegar a essa perfeição, precisais de estar ricos em experiência. Para este fim, não necessitais de guia, não necessitais de religião, não necessitais de sacerdote. Ponde tudo isso de lado e realizareis a verdade do que eu digo. Não necessitais retirar-vos para a reclusão afim de descobrirdes aquilo que vos rodeia e que está em cada grão de areia, sob cada pedra, que está em cada um de vós e que é a própria vida.  

Se este é o fim, então, naturalmente, haveis de dizer: “Como poderei eu alcança-lo? Qual o meio de o atingir?” Não existem meios, pois que é no desenvolver de vossa uniquidade, de vossa particular grandeza, que chegareis à vossa meta. Isto é, tornais o fim e os meios. Que estais fazendo — que se acha todo o indivíduo fazendo no presente? Ele não tem conhecimento e, assim, mergulha na escuridão e provoca maior confusão, maior superstição, mais dogmas, e acrescenta o panteão dos deuses inumeráveis. Se, porém, por vós próprios souberdes disto com segurança, com certeza, sem a menor sombra de dúvida, então começareis a verificar que o fim cria os meios para ser atingido. Se estiverdes em um lugar escuro e virdes uma luz à distância, naturalmente orientareis vossos passos para ela; ainda que sofrendo, sangrando, com os pés retalhados, encaminhar-vos-eis para essa luz única que vos proporcionará apoio eterno e segurança de propósito.

A experiência, torna-se, então, o único instrutor. Então não precisareis mais de mediadores, porque estareis estabelecendo dentro de vós mesmos esse espelho de verdade que não pode ser obscurecido por nuvem alguma, que é absolutamente impessoal, que não pertence a indivíduo algum, que, porém, é eterno. Somente por este padrão podereis julgar vossos atos. Ninguém vos pode julgar, ninguém vos pode colocar em posição de tristeza, exceto vós mesmos. Então, a vida, que está em cada incidente, torna-se o vosso instrutor, todo homem se torna vosso guia, o que é muito maior e magnífico do que ter um guia em algum lugar misterioso. Um guia vivo, que é o próprio homem, é de maior importância do que os instrutores mortos do passado.

O propósito desta vida que se há de preencher a si mesma na perfeição, na libertação do jugo da experiência, sendo conhecido, todo o incidente, todo o movimento de pensamento, cada estremecimento no homem torna-se um patamar para a verdade. Então estareis apercebidos, constantemente vigilantes; então comparareis aquilo que é passageiro com aquilo que é eterno, tornar-vos-eis o vosso próprio juiz, o vosso próprio salvador; a vida torna-se infinitamente simples. Então, em vez de acrescentardes o caos que já existe, produzireis a ordem e a segurança. Então os fortes não ficarão a cavaleiro dos fracos. O mundo inteiro mudará, se viverdes no mundo do eterno. Deste mundo é que tendes de operar para o mundo objetivo — não do objetivo para o subjetivo, não do fenomenal para o que é perdurável. Sabendo o que é eterno, qual o propósito da vida, tendes que viver neste mundo de fenômenos; não podeis fugir dele. É aqui que haveis de produzir a ordem, é aqui que precisais estabelecer a verdade que é eterna, não longe do mundo fenomenal.           

Tomai um exemplo: no coração de todo o ser humano, por fraco, bárbaro, civilizado ou intelectual que seja, existe o afeto; ele é o perfume do coração de todo o homem. Se seguirdes o processo do preenchimento, da incorruptibilidade do amor; a que é que isto conduz? A tornar-se-á semelhante ao sol, ou semelhante ao perfume de uma flor que a todos se dá sem pensar em diferenças. Este é o preenchimento do amor. Se souberdes isto, mesmo enquanto estais nas garras do amor corruptível, limitado, então podereis lutar para despedaça-las. Isto significa que necessitais começar a amar ao eterno, dessa maneira eterna agora e não num futuro distante. Uma vez mais vos digo, para o homem que está triste, não há futuro nem passado; ele deseja extinguir imediatamente a sua tristeza. Quando conhecerdes aquilo que é perdurável, que não tem variação, que não é relativo, que não tem superstição, que é a verdade, a harmonia entre a razão e o amor, então podereis agir. Todo o pequeno incidente vos fortificará, será como um patamar para uma verdade maior, para essa felicidade que é duradoura.            


Krishnamurti em palestra no Acampamento da Estrela de Benares, 19 de novembro de 1929
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill