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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Todos os Deuses são falsos

Krishnamurti: A indiferença endurecida é a morte, enquanto que a ação pura é vida expressando-se a si mesma de dentro para fora sem retroceder sobre si mesma. A indiferença manifesta-se vulgarmente quando não tiverdes reciprocidade para o vosso afeto; e, assim, vos sentirdes feridos e zangados. Daí passais à indiferença e vos endureceis. O verdadeiro amor, por outro lado, não leva em conta gostos e desgostos.  E não se incomoda se não for retribuído. Para, porém, atingirdes isto, tendes que primeiro passar pelas reações e as perturbações emocionais que daí provêm. A vida não tolera a indiferença e, portanto, se fordes indiferentes ela não vos deixará em paz. Sei de muitas pessoas que se apaixonam pela Natureza, pelo fato de se haverem desgostado com os homens. A Natureza não corresponderá nem diz “nada tenho que ver convosco”, ao passo que o homem formula contradições. Vencer essas contradições é difícil e, por isso, vos retirais para o reino do romance.

Pergunta: Qual o significado de vossos dizeres “Todos os Deuses são falsos”?

Krishnamurti: A partir do momento que adoreis a um outro “Eu sou”, já não mais é a vida; porém, a partir do momento que adoreis o “Eu” em todas as coisas, esta entidade deixa de ser Deus e torna-se Vida. O efeito deste culto externo tem sido o de dividir a humanidade. Enquanto adorardes algo de super-humano estareis assassinando e explorando o homem. O homem é Deus, é vida, é tudo. Vós não vos satisfazeis em contemplar um belo pôr-do-sol em uma bela montanha; quereis pôr lhe um anjo sentado no cimo; não vos sentis satisfeitos de amar a um homem, quereis   verificar quais as suas qualidades e as suas crenças. A partir do momento que adoreis a um qualquer ser super-humano como sendo Deus, sereis cruel para com o homem. Sei que haveis de dizer “não é precisamente assim”, mas não o é frequentemente? Descei por uma rua qualquer e haveis de ver — igrejas imensas e homens em lágrimas pelas ruas. Quando chegardes a cultuar o homem que se acha junto de vós, então tereis compreendido o propósito da vida. Que importância tem o demonstrardes a alguém o vosso afeto e a vossa devoção? Que diferença há em que seja a um ser super-humano ou a um homem vulgar? É o afeto e a devoção em si mesmos que têm importância. Por que ofertar esta beleza amável, qualidades, perfumes, somente a uns poucos? A apreciação, a beleza, acha-se dentro de vós mesmos e, para chegar a esta perfeição de entendimento, tendes que vos alterar, tendes que mudar, que ser constantes em vosso crescimento. Por isso é que necessitais sentir, não somente a beleza da Natureza, como também a do homem — apesar dessa deselegância de expressão que denominais “mal” e que condenais.

Pergunta: Haveis falado de autodisciplina nascida do amor da vida por meio da inspiração. A autodisciplina, para a maioria das pessoas é a do momento e não nasce da inspiração. Podeis dizer-nos algo mais a respeito?

Krishnamurti: Primeiro que mais nada, se buscais a inspiração externamente, isso não será disciplina. A inspiração é o constante despertar da razão para chegar ao seu mais alto ponto; por outras palavras, é intuição. Portanto, a exigência da disciplina é a de sempre pensar independentemente e a de vigiar o constante crescimento de vosso pensamento, por meio da luta e do ajuste. Assim também acontece com a inspiração que provém da beleza. A beleza acha-se em todas as coisas; o que varia é a capacidade de percebê-la. Se não estiverdes apaixonados pela vida, não tereis desperto esta capacidade e, portanto, buscareis vossa inspiração eternamente. Tende que vos disciplinar a vós próprios, mas a inteira base de vossa disciplina é errônea. A verdadeira disciplina é diferente disto. A partir do momento que não tenhais medo, estareis disciplinados; pois que o desejo é sua própria disciplina. Por exemplo, se eu desejar tornar-me pintor ou poeta irei adestrar minhas capacidades segundo essas linhas. Se me quiser tornar pintor, preciso de observar a luz e a sombra, a proporção, a reta perspectiva; se quiser ser poeta tenho de estudar o ritmo das palavras. Assim disciplinando-me a mim mesmo, vigio, observo, pois que estarei me relacionando com a vida. Disciplinando-me a mim mesmo, por estar apaixonado pela vida; é isto que eu entendo de , pelo desejo, tornar-se a própria pessoa a sua disciplina. Isto é perfeitamente diferente da disciplina ordinária que brota do medo; a disciplina do medo jamais pode produzir a consumação.  Tudo é muito simples, se apenas vos derdes ao trabalho de encarar isto de uma maneira natural e sã. A verdadeira disciplina não é nem repressão nem a indulgência; é a poesia do equilíbrio, a beleza da experiência, vos houverdes liberto da própria experiência.       


Krishnamurti em Acampamento de Ojai, 1930

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill