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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A felicidade que provém da compreensão da verdade


Pergunta: Recomendais a meditação no sentido de chegar ao entendimento da verdade?

Krishnamurti: Nada recomendo. Todas as pessoas do mundo estão egocentradas e, quando vos purificardes desse egocentrismo, estareis praticando a meditação. Quer o façais de uma maneira ou de outra, é coisa que não tem muitíssima importância. Se eu vos dissesse que recomendo a meditação, certamente perguntaríeis: “Dado existir boa meia dúzia de sistemas, qual devo escolher?”; e se para vós eu escolhesse um — o que não farei — ficaríeis presos em suas estreias limitações, em sua mesquinha tirania. Eu próprio, medito ao sair a passeio pelos bosques, palestrando com outrem, ou escutando música, dirigindo, cavando terra no jardim, ou lavando alimentos. Vós pensais que por vos retirardes para um pequeno aposento estais aptos a meditar. Pois é muito mais fácil meditar ao ar livre onde existe a vida, onde entrais em conflito com ela a todo o instante do dia. Não mediteis apenas durante meia hora; se fordes sábios, haveis de meditar durante o dia inteiro, enchendo-o de consideração e pensamento.   

Pergunta: Se em vós reconhecermos o Instrutor do Mundo, reconhecendo, por assim dizer, vossa superior sabedoria, não deveríamos nos esforçar para praticar aquilo que ensinais mesmo antes de o entendermos plenamente? Se, por exemplo, dissésseis: “Pulai este poço”, não deveríamos faze-lo sem murmurar, pelo fato de acreditar em vossa superior sabedoria? Se ficásseis doente e chamásseis um médico ou cirurgião e ele vos prescrevesse certo curso de tratamento ou mesmo uma operação, não lhe obedeceríeis, sabendo que ele possui maior experiência do que vós? Se esperardes até compreende-lo, podereis morrer durante a espera.

Krishnamurti: Digo-vos que não podeis colocar em prática aquilo que não compreendeis. Este exemplo do médico não se adapta ao caso particular, em foco, pois que a doença da qual sofreis somente pode ser curada por vós mesmos. Vossa doença pode unicamente ser destruída em virtude da vossa própria luta contra ela. Nenhum cirurgião, nenhum médico vos pode servir de administrante durante esta luta, por superior, por cheio de sabedoria que ele seja.

Se me dissésseis: “pulai para destro deste poço”, não o deveria eu fazer sem pestanejar, dado o fato de acreditar em vossa superior sabedoria?” Si isto fizésseis serieis bastante insensatos; e para vós próprios estaríeis criando uma nova barreira, se aceitásseis minha autoridade sem compreensão. A quem vos cumpre obedecer, a quem vos cumpre seguir senão a vós próprios?

Podem de lado, se me é permitido sugerir-vo-lo, a ideia de obedecer, a ideia de seguir sem compreensão. O que eu desejo é despertar em vós o descontentamento contra a vossa própria falta de entendimento. Se me seguísseis, faríeis de mim uma muleta, porém eu sou demasiado independente e livre para ser usado como muleta. Se não compreenderdes começareis a reduzir e a limitar a verdade e a ajuntar ao redor de vós aqueles que se acham também reduzindo, limitando, transformando a verdade, e portanto, destruindo-a.

Pergunta: Acreditais que qualquer passo no caminho da evolução, em qualquer estágio que seja, que venha a ser enunciado por outrem e não faça parte de vossa plena consciência, tenha valor, qualquer que seja, ou acreditais que possamos conhecer qualquer coisa em outra região superior do nosso ser da qual sejamos inconscientes neste mundo e que este conhecimento embora inconscientemente nos influencie?


Krishnamurti: Ao subirdes uma montanha, há muitos estágios, muitos abrigos, muitas cabanas no caminho, umas belas e complicadas, outras toscas e rudes, outras, cultas e refinadas. A algumas pessoas há de aprazer o demorarem-se em um abrigo, a outras, em outro. Eu, porém, somente me preocupo em atingir o cimo da montanha. Não digais: Então isto não tem valor, aquilo outro não tem valor, isto, aquilo não tem significação? Todos vós interpretais o que eu digo de conformidade com os vossos preconceitos. Uns, que acreditam em uma coisa, hão de dizer: Sim, ele admite o que eu mantenho ser a verdade. Outros que acreditam em coisas diferentes, hão de dizer: Ele não crê. Não, meus amigos, quer um quer outro, estarão errados. Assim como a montanha límpida e calma exposta ao ar da manhã não se preocupa com as sombras do vale, assim também a verdade está para além de todas as sombras. Vós contemplais o cimo da montanha através as nuvens de vossos preconceitos, através a vossa dependência de autoridades. Digo-vos que se quiserdes entender a verdade e atingir essa felicidade que provém da compreensão da verdade, que é preenchimento da vida, não vos deveis deixar colher pelas sombras que se estendem através a face da montanha.

Krishnamurti, 1930
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill