Pergunta: Cada vez que respondeis a perguntas acerca de “estar em amor
com a Vida”, acho a frase mais obscura. Não a posso traduzir em termos de ação.
Será tal coisa um entusiasmo equilibrado, um agudo interesse e uma resposta
adequada a todo o acontecimento diário?
Krishnamurti:
Parcialmente é; porém é ainda mais a realização dessa inteireza, na qual cessam
os contrastes, os opostos e as particularidades. Vós atribuis qualidades à Verdade.
Dizeis que a Verdade é felicidade ou virtude, que não é pecado, que não é
desgraça e assim por diante. A todo o instante estais atribuindo qualidades à
Verdade, por elas faltarem a vós mesmos ou por desejardes adquiri-las. Ora, a
Verdade é isenta de qualidades. Se amardes a Verdade, que é a Vida, estareis
para além das limitações da individualidade. Estareis em estado de perfeito
equilíbrio, agindo com veracidade. A isto é que eu chamo estar enamorado da
Vida.
Krishnamurti, Escócia, 1931