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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Não busqueis consolo em momentos de imensa tristeza

Pergunta: Falais dos desejos de posse inerentes ao selvagem e do desejo que o homem culto tem pela liberdade e dizeis que entre os dois extremos estão todos os graus da evolução. Um estudante escreve a respeito de vossos ensinos dizendo que a Verdade está por toda a parte e é isenta do tempo. Em face desta concepção, nossas ideias de evolução e de desenvolvimento são varridas. Podeis explicar-nos um pouco mais este paradoxo?

Krishnamurti: Em tudo e em todos os homens existe a totalidade, a vida como um todo completo. Isto é para a mim a Verdade. Esta completude não pode progredir. É somente o incompleto que progredi. Porém, esta aquisição de qualidades, de atributos, de virtudes, não conduz à Realidade, pois que a Realidade sempre está presente, plena em tudo. Por completude entendo eu o libertar-se da consciência da individualidade. Essa completude que existe em tudo não pode progredir: ela é absoluta. É fútil o esforço para as aquisições; se, porém, puderdes perceber que a Verdade, a Felicidade existe em tudo e que a realização da Verdade somente se consegue pela eliminação, então manifestar-se-á o entendimento que é isento de tempo. Isto não é negação. A maioria das pessoas se afligem por serem como nada. Chama ser positivo quando fazem esforço e denominam esse esforço virtude. Ora, desde que haja esforço, já não há virtude. A virtude é isenta de esforço. Quando fordes como nada, então sereis tudo, não por vos engrandecerdes, não pode dar importância ao “Eu”, à personalidade, porém sim, pelo apagamento contínuo dessa consciência que cria força, a cobiça, a inveja, os cuidados da posse, a vaidade, o temor e a paixão. Por estardes de contínuo auto-recolhidos, vireis a tornar-vos plenamente conscientes e é então que libertareis a mente e o coração e conhecereis a harmonia que é o ser completo.

Pergunta: Haveis dito que uma das maneiras de alcançar o puro afeto mediante o qual se pode aprender rapidamente através da experiência dos outros, é a aceitação da dor. Podereis, por favor, dizer-nos algo mais a cerca disto?

Krishnamurti: Encarais a alegria e a tristeza como sendo coisas diferentes. Dais particular importância a alegria porque ela vos deleita e evitais a tristeza porque vos desagrada. Porém o homem, que busca a Verdade, equilibra-se entre as duas; não pede a alegria nem evita a tristeza. A tristeza existe enquanto houver a consciência da individualidade; isto é, enquanto houver pensamento do “tu” e do “eu” e do “meu”. Por amoldar este instinto à razão, mediante a autodisciplina, é que essa consciência que cria a tristeza é transcendida.

Pergunta: Dizeis que a evolução, como processo de realizar a Verdade, é falsa e irreal. Não haveis vós, porém, chegado à realização da Verdade por um processo de desenvolvimento, de entendimento e experiência cada vez maiores e não será isto evolução?

Krishnamurti: Por meio do acumulo de experiências é como pensais realizar a Verdade. Uma experiência que crie em vossa mente, seja um grande amor, seja o desejo de compreensão, que abale as próprias bases de vossa consciência individual, é verdadeira experiência. Uma experiência assim contém o inteiro significado da vida. Uma experiência de amor ou de morte contém o conjunto da vida; para, porém, compreender o pleno significado dessa experiência, tendes que estar concentrados em auto-recolhimento.

Tomai como exemplo a experiência do amor. Nesta existe o desejo de possuir, existe a inveja, o ciúme, a solidão, e também a alegria da união. Por estar concentrado, observando de contínuo, refletindo, é que podeis realizar o pleno significado dessa única experiência particular, e por esta, tereis compreendido, o conjunto de toda a experiência.

Ou então tomai a morte como ponto de comparação. Na morte há tristeza, há dor, há solidão aflitiva, há o desejo de ter simpatia e amor. É esta uma das mais comuns experiências da vida. Todos a realizam. Em lugar de colher o significado dela, a plena lição que ela tem para vos dar, buscais o consolo. Buscais os guias para o plano astral, desejais estar ali juntos, com os seres amados. Tendes esperança do seu renascimento. Tudo isto não é mais que o adiamento de vossos esforços no sentido de libertar o eu-consciência. A batalha para ajustar a solidão e o amor não se ganha por nos lançarmos para o além, para outros reinos e sim pelo constante apercebimento de si próprio.

Assim, pois, uma experiência pode abrir-vos o pleno significado da completude.

Isto não é um mero raciocínio intelectual. Falo de experiências pessoais. Quando estais prisioneiros de uma grande tristeza, solitários em virtude da morte de alguém, não vos satisfazeis com os consolos transitórios, sejam eles para o futuro ou pertençam ao passado; quereis encontrar a solução imediata desse isolamento e por esse modo vencer a tristeza.

Para vencer a tristeza tendes que realizar a completude interior do ser, por estar em reflexão durante o dia inteiro e não pelo sentimentalismo nem por rechaçar todas aquelas coisas que vos causam temor para o fundo de vós mesmos. Esta completude que existe em todas as coisas torna-se então real e nela somente é que existe a felicidade, não nos prazeres transitórios.

Krishnamurti, Londres, 1930
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill